Um objetivo básico do tratamento clínico de mulheres com endometriose é inibir a menstruação e o quadro de dor. Através de avaliação clínica e de imagem, diagnosticar se a doença está sob controle. São necessários:
➡ Dieta livre de glúten (Marziali et al, 2015) e pobre em FODMAPs, alimentos que retêm líquido e fermentam no interior do intestino, podendo piorar o quadro de dor da endometriose (Moore et al., 2017);
➡Bom sono;
➡ Gerenciamento do estresse;
➡ Anti-inflamatórios não hormonais. Usados para combater a liberação de
prostaglandinas pela liberação da enzima COX-2, que levam à dor. Levar em consideração seus efeitos colaterais a médio e longo prazo como distúrbios gastrointestinais e renais;
➡ Anticoncepcionais orais combinados, apesar de diminuírem a inflamação e dor comumente associadas à endometriose, podem MASCARAR a evolução da doença e até retardar o diagnóstico da mesma. Três revisões sistemáticas Cochrane (2000;2007 e 2018) até o momento não encontraram evidências científicas suficientes que demonstrem que os contraceptivos orais combinados sejam eficazes no combate à dor da endometriose.
➡ Progestogênios isolados podem combater a inflamação e a dor, mas podem provocar efeitos colaterais vistos nas demais pílulas anticoncepcionais, além de se associarem a sangramentos vaginais (escapes) em mulheres que não podem sangrar;
➡ DIU hormonal. Lembrar que se trata de um método anticoncepcional. Como tal, apesar de comumente usado no tratamento da endometriose, carece de avaliação sobre sua eficácia neste tipo de tratamento, assim como os anticoncepcionais orais combinados;⠀
➡ Inibidores da aromatase: têm a capacidade de impedir a transformação da testosterona em estradiol pelo bloqueio da enzima que faz essa conversão. Quanto menos estradiol, menor o crescimento e inflamação dos implantes da doença. Demonstram efeitos colaterais como fogachos (suores noturnos), secura vaginal, dores musculares e articulares e possibilidade de osteoporose;⠀
➡ Análogos do GnRh. Cada vez menos utilizados devido aos seus efeitos colaterais como os encontrados na menopausa; ⠀⠀
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➡ Dienogest : progestogênio não contraceptivo com boa ação nos focos de endometriose, mas que pode exibir efeitos colaterais àqueles observados com os progestogênios isolados, como sangramento de escape, redução da libido e alteração do humor; ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
➡ Gestrinona: progestogênioanti-progesterona, anti-estradiol e androgênico (aumenta a testosterona livre) usado atualmente por via vaginal ou abaixo da pele (implantes). Podem inibir a aromatase e crescimento além da inflamação. Aumentam a massa muscular e libido, mas podem aumentar a oleosidade da pele, com surgimento de acne. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
➡ Antioxidantes. São substâncias naturais que combatem o estresse oxidativo (resultante do excesso de radicais livres) associado à fisiopatologia e à inflamação crônica da endometriose, responsável pela piora da dor. Os antioxidantes podem ser associados à medicamentos. Podem ajudar no controle de outras doenças que possuam associação com estresse oxidativo. Efeitos colaterais praticamente inexistentes.
Referência bibliográfica:
⁃ Moore et al. Moderncombined oral contraceptives for painassociatedwithendometriosis. Cochrane DatabaseSyst Rev. 2000;(2):CD001019 ⁃ Davis et al. Oralcontraceptives for painassociatedwithendometriosis.CochraneDatabaseSyst Rev. 2007 Jul 18;(3):CD001019 ⁃Marziali M, et al. J MinimInvasiveGynecol. 2015.Moore JS, et al. Aust N Z J ObstetGynaecol. 2017. ⁃ Brown et al.Oralcontraceptives for painassociatedwithendometriosis.CochraneDatabaseSyst Rev. 2018 May 22;5:CD001019. doi: 10.1002/14651858.CD001019.pub3.
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