O DIU com levonorgestrel é um método #contraceptivo hormonal reversível de longa duração bastante eficaz e que pode seu utilizado por mulheres que mantém atividade sexual , que já tiveram filhos ou não.
É indicado também para tratamento de transtornos e doenças como: fluxos menstruais exagerados acompanhados ou não por dismenorreia ( cólica menstrual, endometriose e adenomiose.
É conhecida, na literatura científica, a associação dos contraceptivos hormonais orais combinados com o aumento do risco de câncer de colo entre as suas usuárias que possuem infecção por HPV de alto – risco, provocado pela ação de estrogênio e progestogênios que induziriam à replicação do vírus e ao câncer ( Moreno et al., 2002).
Lekovich et al. ( 2015) em estudo de coorte retrospectivo de novos usuários de DIU que tiveram infecções por HPV, descobriu que usuários de DIU de cobre tinham probabilidade significantemente maior de eliminar infecções por HPV do que usuários de DIU-levonorgestrel (70% versus 42%). Segundo esses autores,o levonorgestrel poderia inibir a eliminação do HPV por interferência na imunidade.
Estudo divulgado na revista Contraception por Averbach et al (2018), envolveu 17.559 mulheres de 18 a 49 anos com a neoplasia intraepitelial cervical de alto grau, de 2º grau ou NIC 2 ( lesão do colo pré-cancerigena) e avaliou quem fez uso ou não do DIU hormonal.
A NIC 2 tem alta taxa de regressão e o estudo não mostrou associação com o NIC 3, a lesão mais grave.
De acordo com os autores do estudo, a associação do DIU hormonal com levonorgestrel com a lesão pré -maligna de colo foi fraca, mas significante; e merece uma investigação mais profunda . Pode ter importância clínica para o aconselhamento contraceptivo se esse achado for consistente com outros estudos e outras populações.
O DIU de cobre pode ser útil às mulheres com SOP?
As mulheres com síndrome dos ovários policísticos (SOP) podem apresentar um risco 3 vezes maior de desenvolver o câncer endometrial ( câncer da cavidade uterina).
O DIU hormonal é empregado, por alguns médicos, no tratamento da SOP, apresentando como maior justificativa para tal, o fato do seu hormônio ( o levonogestrel ) diminuir a incidência de câncer endometrial.
Entretanto, muitos ainda não sabem, ou não se é divulgado, que estudos científicos mostram que o DIU de cobre possui ação não hormonal no endométrio ( cavidade uterina) que também pode ajudar na prevenção deste câncer nas mulheres.
Como o DIU de cobre poderia ajudar a evitar o câncer endometrial (da cavidade do útero ou sua parte interna)?
Diversos estudos evidenciam a forma através da qual o DIU de cobre exerce
a sua ação protetora contra o câncer endometrial :
O DIU de cobre causaria efeitos biológicos e alterações bioquímicas no ambiente local do endométrio e possivelmente levaria a:
👉 Atrofia endometrial e diminuição da proliferação celular;
👉 Diminuição da concentração e da sensibilidade dos receptores estrogênicos ( a ação excessiva ou prolongada de estrogênio sem oposição da progesterona poderá levar ao câncer endometrial ) nas glândulas endometriais e estroma em relação à progesterona. Desta forma há um aumento relativo dos receptores da progesterona, protegendo o útero sem que haja aumento ou diminuição de hormônios no sangue.
👉 A resposta inflamatória endometrial levaria a outras ações inflamatórias com eliminação precoce de células epiteliais hiperplásicas ou pré-malignas do endométrio.
Na minha opinião, além de proporcionar um eficaz contracepção não hormonal reversível de longa duração, o DIU de cobre permite que associemos a ele o tratamento não hormonal para a SOP, principalmente para as mulheres que não querem ou não podem usar anticoncepcionais hormonais.
Metformina na gravidez para mulheres com SOP?
Ainda há dúvida na literatura científica se a metformina deva continuar na gravidez para as pacientes com SOP.
Existe a possibilidade da resistência insulinica e hiperinsulinemia provocarem abortamento, trabalho de parto prematuro, diabetes gestacional, hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia em mulheres com SOP.
Além disso, sabemos que a gravidez, fisiologicamente , já induz a um estado de resistência insulinica.
Um bom estudo, chamado PregMet2 , acabou de ser divulgado mostrando dados interessantes sobre o assunto.
O ensaio clínico durou 5 anos ( 2012 a 2017) e envolveu 487 mulheres com SOP e englobou 14 hospitais da Suécia, Noruega e Islândia.
As participantes receberam 1000 mg de metformina ( 500 mg 2 x /dia) ou placebo na 1ª semana e 2g ( 1000 mg 2x/dia) ou placebo a partir da 2ª semana até o parto.
Os autores notaram que houve uma redução significativa de abortamentos tardios ( 13 a 22 semanas e 6 dias) e de trabalho de parto prematuro ( 23 semanas a 36 semanas e 6 dias) entre as mulheres que receberam metformina comparadas às que não usaram o medicamento.
Qual o possível mecanismo pelo qual a metformina faria isso?
Sugere-se que a metformina ative a AMPK que inibiria a mTORC1 ( via do complexo alvo da rapamicina. A ativação da mTORC1 induz o trabalho de parto prematuro e sua inibição impede ou adia no início de trabalho).
Os autores nórdicos concluíram que a metformina quando usada na gravidez, a partir do final do 1ª trimestre até o parto, pode reduzir o risco de aborto espontâneo tardio e parto prematuro.
Referência bibliográfica:
Løvvik et al. Use of metformin to treat pregnant women with polycystic ovary syndrome (PregMet2): a randomised, double-blind, placebo-controlled trial.2
www.thelancet.com/diabetes-endocrinology Published online February 18, 2019 http://dx.doi.org/10.1016/S2213-8587(19)30002-6
Coenzima Q10 no tratamento da SOP
Estudo divulgado agora em 2019 pela revista médica The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, da Endocrine Society, mostra que a coenzima Q10( CoQ10), potente antioxidante produzido em nosso corpo ou presente em alguns alimentos, pode ser útil , na forma de suplemento, no tratamento de mulheres com síndrome dos ovários policísticos (SOP).
Estudo realizado por Izad et al em 2018, mostrou que a administração de CoQ10 (200 mg/dia) com ou sem suplementação de 400 UI de vitamina E, entre mulheres com SOP, pode melhorar os níveis séricos da glicemia de jejum, insulina, no HOMA-IR ( exame que ajuda na detecção da resistência insulínica)e testosterona total. A SHBG ( dependendo do nível, pode melhorar ou piorar a acne e as menstruações)somente melhorou com CoQ10 e vitamina E juntos.
De fato, Samimi et al (2017) também emcontraram significativas redução na glicemia e insulina de jejum, melhora na sensibilidade da insulina, mas também redução do LDL colesterol.
Vale lembrar que El Refaeey et al ( 2014) mostraram em seu estudo que a CoQ10 pode ajudar mulheres inférteis com SOP através da melhora da resposta ovariana ( ovulação) e aumentando as taxas de gravidezes
Rahmani et al (2017) notaram melhora na expressão de genes ( como os genes que controlam determinada ocorrência no organismo se comportarão ) para : o colesterol LDL oxidado e diversos marcadores sanguíneos responsáveis pela inflamação crônica subllinica (por exemplo , associados às doenças cardiovasculares como AVC e infarto).
Convém lembrar que a reeducação alimentar e exercícios físicos orientados, respectivamente por nutricionista e educador físico , livrar-se de vícios e promover o gerenciamento do estresse são fundamentais para o tratamento da SOP.
Referências bibliográficas :
El Refaeey A, et al. Reprod Biomed Online. 2014.
Rahmani E, et al. Gynecol Endocrinol. 2017
Samimi M, et al. Clin Endocrinol (Oxf). 2017
Izad et al. The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, 2018
O uso de DIU por mulheres nulíparas – Qual o mais indicado?
Atualmente há uma grande preocupação, entre as mulheres, com os efeitos colaterais associados aos métodos contraceptivos hormonais, principalmente as pílulas.
Muitas mulheres não querem aumentar seu risco (mesmo que pequeno) de tromboembolismo, câncer de mama ou câncer no colo do útero. Aquelas que já têm problemas com varizes, pouca libido, dislipidemias, hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, procuram por um método que substitua os contraceptivos hormonais, que sabidamente interagem negativamente com estas alterações e doenças crônicas.
O DIU de cobre é uma excelente opção para isso. Muita gente não sabe que existe o tamanho reduzido dele. Ele é indicado para mulheres nulíparas (as que nunca pariram), com úteros menores (comprimento interno da cavidade uterina entre 5 e 7 cm), que já mantém relações sexuais e querem contracepção livre de hormônios.
Os pesquisadores Otero-Flores et al (2003) identificaram em seus resultados que os DIUs menores podem provocar taxas de falhas mais baixas, causar menos dor e hemorragia e menor risco de expulsão do que o Tcu380A (o mais comum e encontrado na rede pública).
Escolha o DIU mais apropriado ao seu corpo. Sempre consulte antes um ginecologista.
Referência bibliográfica: Otero-Flores et al A comparative randomized study of three different IUDs in nulliparous Mexican women. Contraception 67 (2003) 273-276