As mulheres estão usando menos contraceptivos hormonais?

Assim como devemos respeitar autonomia das mulheres que desejam usar pílulas anticoncepcionais, temos a obrigação de ajudar aquelas que optaram por não mais usar contraceptivos hormonais.

Quem atende, tanto em consultórios particulares quanto em públicos, sabe: atualmente, cada vez mais mulheres tentam livrar-se de efeitos colaterais associados com anticoncepcionais hormonais (como redução da libido, irritabilidade, transtornos depressivos, agravamento de varizes, aumento do peso, melasma, entre outros) e possíveis agravamentos de condições patológicas já existentes como doenças cardiovasculares e diabetes.

Elas já não se mostram mais confortáveis com possíveis complicações associadas com estes medicamentos como: trombose, câncer de mama, câncer de colo, tumores hepáticos, mesmo que muitos defendam que o risco seja pequeno.

Em outras palavras, mulheres procuram maior qualidade de vida. Até mesmo aquelas que usam os anticoncepcionais hormonais, não somente apenas para evitar gravidez , mas com o objetivo de tratar: TPM, endometriose, síndrome dos ovários policísticos (SOP), irregularidade menstrual e dismenorreia, querem outra opção de tratamento.

Exigem, cada vez mais, a adoção de meios de contracepção e tratamentos que não empreguem métodos hormonais. Não adianta querermos negar: parece ser uma nova (e crescente) tendência. Devemos nos adaptar e, desta forma, não apenas prevenir e tratar doenças e suas complicações, mas satisfazer também as necessidades e objetivos de vida destas mulheres.

Mecanismos de ação do DHEA em mulheres com pouca resposta ovariana

Reserva ovariana é a quantidade de folículos (origem dos óvulos) existentes no ovário em determinada idade. Mulheres com baixa reserva ovariana podem apresentar dificuldade para engravidar, inclusive responder mal até às técnicas de reprodução assistida (como inseminação ou fertilização in vitro – FIV).

Diversos estudos têm apontado que a suplementação de DHEA (dehidroepiandrosterona, hormônio produzido a partir das glândulas situadas acima dos rins e chamadas de adrenais ou suprarrenais) podem fazer com que mulheres com má resposta ovariana (dificuldade para engravidar) engravidem espontaneamente antes mesmo de uma FIV (Fusi e tal, 2013;Zhang et al, 2016)

A imagem do post mostra o provável mecanismo através do qual a suplementação com DHEA pode ajudar mulheres com baixa reserva ovariana a engravidar (Tsui et al ,2015).

A suplementação com DHEA em mulheres com reserva ovariana diminuída parece melhorar:

⚜A resposta ovariana
⚜ A reserva ovariana
⚜ A qualidade do ovócito (óvulo imaturo ou futuro óvulo) e do embrião.

O DHEA não pode ser vendido no Brasil, mas a lei não proíbe que a paciente adquira por importação mediante receita médica ou manipulado aqui mesmo e sempre sob orientação médica para consumo próprio.

Resistência insulínica nas diversas fases da vida

A resistência insulínica (RI) é o estado no qual quantidades de insulina maiores do que o normal são necessárias para provocar uma resposta quantitativamente normal (Berson &Yalow,1970).

Há fases do desenvolvimento e da vida humana onde a ocorrência da RI é fisiológica e transitória. Por exemplo:

Na puberdade, a RI associa-se: ao aumento dos hormônios esteroides sexuais e hormônio do crescimento (responsáveis pelos desenvolvimentos dos caracteres sexuais secundários como: crescimentos das mamas, alargamento da bacia, pelos pubianos e axilares, menstruação, acúmulo de gordura nas nádegas, quadris e coxas);

Na gestação, a RI é menor, ou seja, a sensibilidade à insulina é maior no primeiro trimestre, resultando em menores níveis de glicose nesta época. Nos 2º e 3º trimestres a RI aumenta, com o objetivo de fornecer nutrientes em quantidade suficiente para o feto se desenvolver;

No envelhecimento das mulheres adultas ocorre o aumento da RI devido à ocorrência da diminuição da atividade física, à presença da sarcopenia (perda patológica de músculo) e à REDUÇÃO DA FUNÇÃO MITOCONDRIAL (a usina de energia das células do corpo).

É importante dizer que, dependendo do tipo de alimentação (por exemplo, rica em alimentos industrializados e/ou com excesso de carboidratos), sedentarismo, estresse sem gerenciamento, não dormir de forma revigorante, usar drogas ilícitas, e lícitas como fumo e exageradamente álcool), podemos mudar nossa história para pior e justamente nestas fases fazer eclodir ou predispor a uma RI definitiva e suas consequências como SOP, obesidade, diabetes, hipertensão, abortamentos, etc.

Referência bibliográfica: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2017-2018