Doutor, como saber se eu tenho SOP?

A dúvida ocorre principalmente quando você descobre que há doenças ou transtornos que podem induzir a sintomas semelhantes àqueles encontrados em mulheres com SOP como: acne, hirsutismo ( pelos pelo corpo ), irregularidade menstrual, mas que exigem tratamento diferente. ⠀
A Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia ( FEBRASGO),nas “Orientações e Recomendações FEBRASGO” n 4• 2018 sobre síndrome dos ovários policísticos 2018, recomenda a adoção do critério de Rotterdam ( o mais utilizado e que abrange o maior número de pacientes com SOP). ⠀

Como diagnosticar SOP com este critério ? ⠀
A mulher tem de apresentar no mínimo 2 dos 3 critérios diagnósticos abaixo: ⠀

🔴Oligo- amenorreia (atrasos da menstruação > 35 dias ou 3 menstruações seguidas ausentes ou por 90 dias, no mínimo);⠀
🔴 Hiperandrogenismo clínico ( acne e pelos anômalos) e/ou laboratorial ( aumento de hormônios como testosterona, S-DHEA, 17-OH progesterona, androstinediona);⠀
🔴 Ovários policísticos ao exame de ultrassonografia. Entretanto, atenção ! Nem todo “ ovário policístico “ ao ultrassom,é característico de SOP. Inclusive, não há a necessidade de identificar ovários policísticos ao ultrassom para o diagnóstico de SOP. ⠀
Por último, para confirmar a SOP, também temos de excluir doenças que provocam hiperandrogenismo. ⠀

Descartar :

🚨Hiperprolactinemia ( prolactina alta )dosando o hormônio PRL ;⠀
🚨 Disfunções da tireoide como hipotireoidismo, avaliando TSH e T4 livre;⠀
🚨 Tumor ovariano pela dosagem de testosterona total ou livre;⠀
🚨 Tumor adrenal ( glândula que ficam acima dos rins ) determinando o S-DHEA;⠀
🚨 Hiperplasia adrenal congênita ( não Classica ) com a dosagem de 17 – OH progesterona e , quando suspeito , através do teste com cortrosina ( ACTH).⠀
Como se vê, nem tudo que se parece com SOP, é SOP. O tratamento depende do diagnóstico. Procure seu/sua ginecologista. ⠀

Referência bibliográfica:⠀
Síndrome dos Ovários Policísticos. Série Orientações e Recomendações FEBRASGO. N 4 • 2018⠀

Infecções urinárias X Candidíase

É uma queixa feminina muito comum. O dia a dia corrido, muitos compromissos, vestimentas inadequadas (muito quentes ou apertadas) permitiram que as mulheres mudassem um pouco seus hábitos, inclusive urinários.
A ingesta de água também diminuiu (não temos mais tempo!), o que contribui para que haja um aumento dos sintomas de infecção urinária e que alguns casos sejam recorrentes.
A cada crise, precisamos de antibióticos mais potentes o que acaba por causar efeitos colaterais em outros setores como a vagina, por exemplo.

O antibiótico mata o germe que causa a infecção mas também mata bactérias “boas” que fazem parte da nossa flora e contribuem para a defesa da região. Assim germes oportunistas aproveitam para “dominar” a situação.
A cândida é um fungo que existe no nosso organismo de forma harmônica. No momento em que há um desequilíbrio, a imunidade diminui, ela aumenta de quantidade e provoca a crise causando bastante incômodo.
Nosso corpo trabalha o tempo todo em parceria.
Não há como tratar um setor e automaticamente não influenciar outro.

Contraceptivo oral ou DIU de cobre – Qual o método é mais seguro?

Já ouvi muitas vezes sobre o medo de que muitas mulheres sentem de usar o DIU de cobre (porque acreditam que seja mais falho em evitar uma gravidez do que os contraceptivos orais).⠀
Muitas vezes, alegam que já ouviram falar de que uma vizinha ou amiga engravidou com o DIU! Que, por isso, se sentem mais seguras com o contraceptivo oral.⠀
Acham-no mais seguro em evitar uma gravidez do que o DIU. Será verdade?⠀
Desculpem-me, essas mulheres, mas a resposta é: NÃO!⠀
Na realidade, a mulher que usa contraceptivos orais tem maior chance de engravidar do que aquela que usa DIU de cobre.⠀
Todos podem conferir esta verdade em: Trussell J. CONTRACEPTION. 2011;83:397-404 e em http://www.medscape.org/viewarticle/858330_sidebar2.⠀

Na realidade, o risco de engravidar usando contraceptivos orais é de 9% e com o DIU é de apenas 0,8%. Em outras palavras, quer dizer que em cada 100 mulheres que usarem contraceptivos orais, 9 engravidarão.⠀
Por outro lado, 8 mulheres engravidarão usando o DIU de cobre (NÃO EM CADA 100 DELAS, MAS SIM EM CADA 1000!).⠀
Significa dizer que o DIU de cobre é cerca de um pouco mais de 10 vezes mais eficaz em evitar um filho do que o contraceptivo oral.⠀
E aí? Você gosta de correr riscos ou não?
Como sempre, você decide! Você é a dona da sua saúde
Caso esteja em dúvida, baseie-se em evidências científicas e procure atendimento com orientação de um ginecologista ligado a Ginecologia Preventiva!⠀

Está tudo bem com seus hormônios?

Escutei de um grande mestre (@dritalorachidi) que os hormônios são uma forma que Deus encontrou para se comunicar conosco sobre nossa saúde! São substâncias fabricadas por glândulas de nosso corpo, que executam ações em quase todo o corpo, das mais diversas formas. O equilíbrio hormonal (de forma global, pois temos dezenas de hormônios em nosso corpo) na produção e na função (trabalhando do jeito certo) é essencial para manter uma saúde em homeostase(equilíbrio). Por isso hoje te pergunto: você tem sinais ou sintomas de deficiências hormonais?
Confira alguns sinais de que pode haver algo errado com eles:

– Ganho de peso e dificuldade para perder;
– Queda excessiva de cabelo;
– Excesso de suor, ou frio constante, independente da temperatura do ambiente;
– Fadiga desproporcional ao esforço, ou constante;
– Estresse e outras alterações de humor;
– Desejo por açúcar, ou outras formas de carboidratos;
– Queda no desejo sexual;
– Baixo desempenho nos esportes, ou nas atividades diárias;
– Dificuldade para conciliar o sono, ou sensação de que não dormiu o suficiente
– Alterações no ciclo ou no fluxo menstrual, dentre tantos outros.

Ao notar um mais destes sinais é essencial procurar um seu médico, para realizar anamnese correta, coleta de dados, exame físico e as análises laboratoriais necessárias. Cuide da sua saúde, consulte o seu médico.

A importância da vitamina D para fertilidade

A deficiência de vitamina D é um problema de saúde mundial devido à sua alta prevalência em todo o mundo. Estima-se que 1 bilhão de pessoas no mundo são deficientes em vitamina D ou insuficientes ( Hollick,2007).

As mulheres com SOP tendem a apresentar deficiência significante de vitamina D quando comparadas às mulheres sem este transtorno endócrino. (Pal et al ,2016).

Mulheres com SOP possuem menores níveis de vitamina D.
Parece que os níveis de vitamina D associam-se com a fertilidade destas mulheres ( Pal e tal ,2016).

Estudos atuais mostram que as mulheres com SOP inférteis apresentam alta prevalência de deficiência de vitamina (Mogili et al,2018).
Diversos ensaios clínicos relatam em seus resultados que suplementações com vitamina D em mulheres com SOP trazem resultados positivos sobre perfil hormonal , metabólico e o estresse oxidativo ( excesso de radicais livres que podem interferir com a fertilidade ) Jamilian et al, 2017; Maktabi et al, 2017; Foroozanfard F, et al, 2017). Níveis de 20 ng/ml ou 30 ng/ml seriam suficientes para garantir uma boa fertilidade para as mulheres com SOP? Parece que não. Pal e tal ( 2016) mostram em seu estudo multicêntrico que a vitamina D é importante para melhorar a fertilidade em mulheres com SOP.

Defendem que Níveis de vitamina D de 45 mg/ml ou mais possibilitam evitar abortamentos e aumentar as taxas de nascimentos vivos em mulheres com SOP . Procure sempre seu Médico e nutricionista . Nunca se automedique.

Referências bibliográficas: 
Hollick MF. Vitamin D deficiency. N Engl J Med. 2007; 357: 266-81.
Mogili KD, et al. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2018.
Pal et al. J Clin Endocrinol Metab. 2016
Jamilian M, et al. Nutrients. 2017.
Foroozanfard F, et al. Horm Metab Res. 2017.

Conheça alguns mitos sobre o DIU

Vejo, no dia a dia, que há muitos mitos sobre o DIU entre as mulheres e seus companheiros.⠀
A noção errada em relação a esse método contraceptivo impede que ele seja mais difundido na população, pois mitos provocam medo!‼⠀
Desfazendo alguns mitos em relação a DIU de cobre:⠀
O DIU:⠀
👍 Não aumenta o risco de contrair DSTs, inclusive HIV;⠀
👍 Não torna a mulher estéril;⠀
👍 Não causa defeitos ou malformações de nascença;⠀
👍 Não causam câncer;⠀
👍 Não se desloca para outros órgãos do corpo;⠀
👍 Não causam dor ou desconforto para mulher no momento do sexo;⠀
👍 Reduz o risco de gravidez ectópica

Referência bibliográfica:⠀
Planejamento familiar. Um manual global para profissionais e serviços de saúde. Organização Mundial de Saúde e Escola Bloomberg de Saúde Pública/ Centro de Programas de Comunicação da Universidade Johns Hopikins, 2007.⠀

TPM – Cuidado com a compulsão por doce

Sempre que TPM chega você sente vontade de comer doces?
Essa fase é bastante comum na vida de muitas mulheres. Junto com as cólicas, sinais de irritabilidade e o inchaço que o ciclo menstrual incita, surge também uma grande vontade de ingerir carboidrato. E mesmo que ele faça com que você se sinta temporariamente melhor e mais aliviada, é preciso ter sempre cuidado com a compulsão por doces.

Em períodos de tensão pré-menstrual os níveis de serotonina (hormônio responsável pelas sensações de prazer e bem estar) reduzem significativamente, fazendo com que a vontade de consumir açúcar aumente.

Quando o doce é consumido, a glicose é liberada na corrente sanguínea e estimula a liberação de insulina, que irá transportá-la para as células afim de oferecer energia ao corpo. O problema é que quando o consumo de açúcar é frequente e em grande escala, a insulina trabalha intensamente para que ele seja retirado de uma vez. A glicose cai. O corpo sente necessidade de repor o que está em falta, fazendo com que a pessoa coma mais doces, entrando em um ciclo vicioso: a compulsão! 
Obesidade, diabetes tipo 2, problemas hepáticos, câncer, distúrbios mentais e problemas cardiovasculares são algumas consequências dessa doença.

Uma das formas de reduzir o consumo de doces é acrescentando fibras e alimentos ricos em triptofano (precursor da serotonina) na sua dieta, pois eles diminuirão o estresse e proporcionarão saciedade por mais tempo.

Controlar a compulsão por doces não é fácil e requer um acompanhamento médico e nutricional! Não deixe de procurar o seu ginecologista e nutricionista

Uso de anticoncepcionais combinados e o risco de trombose

O tromboembolismo venoso é raro entre as mulheres saudáveis em idade reprodutiva (5-10 episódios a cada 10.000 mulheres -anos).
O risco de trombose aumenta de 8 a 10 episódios entre as usuárias de contraceptivos orais combinados ( COC) ou pílulas anticoncepcionais.
Recentemente, a OMS encomendou à Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) uma revisão para avaliar os riscos de trombose associado às pílulas, como forma de atualizar os Critérios de Elegilibilidade da OMS para anticoncepcionais.⠀

Dragoman et al ( 2018) encontraram , após avaliarem 22 artigos científicos, que as usuárias de pílulas anticoncepcionais combinadas contendo o  progestogênio levonorgestrel apresentam um risco de 9 a 10 eventos de trombose por 10.000 mulheres -anos.⠀

Quando pílulas contendo outros progestogênios são usadas, ocorre um aumento no risco em 1,5 a 2,0 vezes, resultado em um risco absoluto de aproximadamente 14 a 20 casos de trombose por 10.000 mulheres -anos, ou um risco adicional de 5 a 10 episódios por 10.000 mulheres – anos.⠀

O risco maior foi encontrado entre as usuárias de pílulas contendo ciproterona e foi menor, em ordem decrescente , entre as que usaram com desogestrel, gestodeno, drospirenona, dienogest e norgestimate.⠀

Referência bibliográfica:⠀
Dragoman et al. A systematic review and meta-analysis of venous thrombosis risk among users of combined oral contraception. Int J Gynecol Obstet 2018; 141: 287–294 FIGO. DOI: 10.1002/ijgo.12455 wileyonlinelibrary.com/journal/ijgo | 287⠀

Sintomas da TPM

Um dia, o marido de uma paciente minha (eles têm 4 filhas) perguntou “Doutora, a senhora sabe o que significa a sigla TPM?” Respondi, meio que perguntando “Tensão Pré-Menstrual?” Ele disse “Aí é que a senhora se engana! Significa ‘Tendência Para Matar’”
Vai chegando um período do ciclo menstrual que vêm aquelas alterações cíclicas na vida da mulher. As emoções ficam confusas, a cabeça não funciona dentro de seu normal. 

Confira os sintomas mais comuns:
– Irritabilidade;
– Inchaço;
– Alterações do humor;
– Dor nas mamas;
– Dor de cabeça;
– Acne;
– Vontade de comer doces;
– Cansaço/ dores no corpo;
– Alterações do sono;
– Diminuição da libido.

A situação é tão séria, que é prevista em lei redução de pena, em caso de crimes cometidos nesta fase! Mas não precisamos ser vítimas dos hormônios!
Independentemente das queixas, é fundamental procurar um ginecologista para receber orientações em como tratar e amenizar os desconfortos trazidos pela TPM de forma natural e individualizada.

Dieta adequada, atividade física regular e suplementação própria para cada paciente podem combater mais de 90% dos sintomas.