Quais são os sintomas comuns na mulher com endometriose profunda?

Em casos de mulheres jovens em idade fértil (por exemplo, entre 15 e 49 anos de idade) que apresentam dor durante e/ou fora do período menstrual e são inférteis, deveremos pensar em investigar a endometriose.

Endometriose profunda é definida pela ocorrência de lesões de endometriose com mais de 5 milímetros de profundidade acometendo qualquer órgão da pelve, principalmente ligamentos útero-sacros, vagina, intestino e bexiga.

Quais sintomas ocorrem comumente nas pacientes com endometriose e que servem para ajudar o(a) médico(a) no diagnóstico da doença?

👉 Dismenorreia ou dor menstrual importante. Podemos usar para avaliar a severidade da dor, a escala visual analógica de dor (quando acima da pontuação 7 é indicativo de dor severa da endometriose);

👉 Dispareunia profunda (dor profunda na vagina durante relação sexual); 👉 Dor pélvica acíclica (dor contínua, não relacionada à menstruação);
👉 Infertilidade;

👉 Sintoma intestinal cíclico (distúrbio intestinal que aparece no período menstrual como dor ao defecar ou sangue nas fezes);

👉 Sintoma urinário cíclico (ex: sangramento na urina e dor ao urinar durante o período menstrual).
Adolescentes com ou sem relações sexuais também devem ser investigadas quando apresentarem dores menstruais importantes (muitas vezes deixam de ir à escola ou sair de casa) ou dor pélvica crônica (contínua ou sem relação com a menstruação) e eventualmente dor na relação, pode ser endometriose.

REFERÊNCIAS: 
Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia Sociedade Brasileira de Endometriose.

O DIU de cobre pode ajudar a evitar o câncer de colo?

Atualmente o terceiro câncer mais comum entre as mulheres em todo mundo é o de colo do útero. O uso de contraceptivos orais combinados nestas mulheres portadoras de HPV de alto – risco podem predispor à proliferação cervical celular desordenada, por aumento da replicação viral, devido à supressão da expressão do gene protetor P53 e ativação das oncoproteinas E6 e E7, e resultar em câncer cervical 2

Estudos apontam que o DIU de cobre pode ir mais além do que prevenir uma gravidez e ajudar a evitar o câncer do colo do útero.

A mulher que usa o DIU parece apresentar um risco 3 vezes menor de câncer de colo quando comparadas àquelas que nunca usaram o dispositivo.

Qual o mecanismo de ação sugerido para a proteção pelo DIU de cobre contra o câncer cervical ?

Há indícios de que a inserção do DIU de cobre possa, através de alguns mecanismos, interferir e impedir o desenvolvimento de lesões pré- neoplásicas na zona de transformação do colo do útero 1 O DIU de cobre
provocaria:

👉 Surgimento de resposta imune celular secundária ao trauma tecidual associado à inserção ou remoção do DIU, podendo eliminar infecções persistente por HPV e lesões pré – invasivas 1
👉 Remoção mecânica de lesões cervicais pré – invasivas provocadas pela a inserção ou remoção do DIU 1
Este possível benefício não-contraceptivo do DIU de cobre poderia ser útil não apenas às mulheres com acesso limitado ao rastreamento e, com alta incidência de câncer do colo do útero, mas também às mulheres com SOP portadoras de lesões precursoras do câncer do colo do útero. As vantagens viriam de:
👍 Alternativa contraceptiva aos contraceptivos orais combinados , por não agravar uma neoplasia intra-epitelial de alto grau resultante da infecção existente por HPV de alto -risco, não induzindo ao câncer cervical;
👍 Possibilidade de associação de medicação sensibilizadora da insulina ao método contraceptivo para o tratamento da SOP ( como metformina, mio-inositol ou rosiglitazona).

Referências bibliográficas:
0. Cortessis VK, et al. Intrauterine Device Use and Cervical Cancer Risk: A Systematic Review and Meta-analysis. Obstet Gynecol. 2017; 130(6):1226-1236.
0. MORENO, V. et al. Effect of oral contraceptives on risk of cervical cancer in women with human papillomavirus infection: the IARC multicentric case-control study. multicentric-control study. Lancet. 2002; 359: 1085-1092.

Você sabe a taxa de falha do seu contraceptivo quando comparado aos outros?

As taxas de falha anuais – a cada 100 usuárias – são as seguintes contraceptivos:

🔹Implante hormonal subdérmico de etonogestrel ( 0,05%) ou falha < 1 paciente em 100;
🔹 DIU hormonal com levonorgestrel (0,2%) ou falha < 1 paciente em 100;
🔹 DIUdecobre ( 0,6%) ou falha < 1 paciente em 100;
🔹 Contraceptivos hormonais injetáveis (6%) ou 6 pacientes em 100;
🔹 Contraceptivos orais combinados (9%) ou 9 em 100;
🔹 Adesivos transdérmicos (9%) ou 9 em 100;
🔹 Anéis vaginais (9%) ou 9 em 100,
🔹 Injetável trimestral (6%) ou 6 em 100;
🔹 Pílulas apenas de progestogênios (9%) ou 9 em 100;
🔹Coito interrompido (22%) ou 22 em 100;
🔹Comportamentais ( tabelinha, muco cervical, temperatura do corpo, sintotérmico ou mistura dos 3) de 25%, ou 25 em 100;
🔹 Diafragma (12%) ou 12 em 100;
🔹 Condominio masculino ( camisinha) de 18% ou 18 em 100;
🔹 Condom feminino (21 %) ou 21 em 100;
🔹 Laqueadura tubária (0,5%) ou < 1 em 100.

Referência bibliográfica :
James Trussell. Contraceptive failure in the United States. Contraception 83 (2011) 397–404