Síndrome do Ovário Policístico e a vitamina D

Atualmente já há uma certa noção, em boa parte dos profissionais de saúde, sobre a importância da vitamina D para a profilaxia da osteopenia e osteoporose, assim como na prevenção do câncer de mama, diabetes tipo 2, hipertensão, Parkinson, Alzheimer , entre outras doenças.

Contudo, você sabia que a deficiência de Vitamina D está presente também na síndrome dos ovários policísticos (SOP)?

Pois é, está aí mais uma razão para avaliar periodicamente seus níveis de Vitamina D e suplementá- la sob orientação de um bom profissional especialista em tratamento nutricional.
THOMSON et al.(2012), estimam que 67 a 85% das mulheres com SOP possuem deficiência dessa vitamina
( quando seu exame mostra < 20 ng/ml.)

A deficiência de vitamina D pode levar levar à resistência insulínica (a insulina não é capaz de cumprir a sua função, sobrando no sangue, estágio chamado de hiperinsulinemia, levando ao aparecimento de SOP e suas complicações) e que menores níveis dessa vitamina levam à obesidade, distúrbios menstruais, excesso de hormônios masculinos. Estes últimos responsáveis por acne, seborréia, queda de cabelo e pêlos em áreas pouco frequentes na mulher como face, tórax, em volta dos mamilos e barriga, situação chamada de hirsutismo, abortamentos e doenças cardiovasculares! ( THOMSON et al., 2012).

O outro lado também é verdadeiro. A suplementação de vitamina D pode combater os distúrbios metabólicos, melhorar o ciclo menstrual e a restabelecer a fertilidade (LERCHBAUM e OBERMAYER., 2012)

Dieta sem glúten é uma boa escolha para quem tem endometriose?

Uma dieta livre de glúten é benéfica apenas para quem tem doença celíaca?
Uma paciente com endometriose e sem doença celíaca poderia beneficiar-se da dieta sem glúten?

Pesquisadores acreditando que o glúten pode aumentar a produção de CITOCINAS INFLAMATÓRIAS (substâncias capazes de piorar a endometriose), conduziram um estudo envolvendo 300 mulheres com endometriose profunda. Durante 6 meses, 150 dessas pacientes foram submetidas ao tratamento com dienogeste 2 mg + dieta sem glúten. Outras 150 usaram o dienogest 2 mg + dieta com glúten.

Adivinhem qual o grupo que apresentou MELHORA estatisticamente significante da dor pélvica?

Acertou quem apontou o grupo que adotou a dieta SEM GLÚTEN!
Atenção, enquanto muitos acham que a dieta sem glúten só é importante para quem tem doença celíaca, diversos estudos vêm mostrando que é perda de tempo não adotar essa dieta para as mulheres com fortes dores pélvicas associadas à endometriose. Primeiro, porque quem adotar esse tipo de dieta se baseará em evidências científicas e não em “achismos”. Segundo, porque o glúten não é elemento essencial à saúde humana (ninguém adoece se deixar de comer glúten!). Ele pode facilmente (com boa orientação nutricional) ser substituído por opções mais saudáveis, sem prejudicar a ingesta calórica ou o objetivo nutricional de cada paciente. Sob orientação profissional competente (médico e nutricionista funcional), garanto que ninguém morrerá se não comer glúten!
Caro colega médico, você poderá surpreender-se com os resultados de uma dieta sem glúten para sua paciente!

Na dúvida, diante de uma paciente com endometriose e dor pélvica, acredito que a retirada do glúten da dieta já a partir de 6 meses, ou até menos, poderá trazer resultados extremamente positivos! Caso não haja melhora após 6 meses, o glúten pode voltar para o cardápio!
OBS: só não vale esconder que anda comendo sua pizza, pãozinho francês ou biscoitos e cobrar resultados de seus médico e nutricionista, ok?!

Fonte : Marziali M, et al. J Minim Invasive Gynecol. 2015 Nov-Dec

Pacientes com SOP têm maior chance de apresentar transtornos mentais?

Muitos estudos científicos sugerem a associação de SOP com transtornos mentais. Entretanto, ainda há dúvidas sobre a veracidade disso.
Revisão sistemática com metanálise (importante tipo de estudo de revisão que avalia e compara vários estudos sobre determinado tema) sugere que pode existir a associação de mulheres com SOP, ansiedade e depressão.
Seis estudos envolvendo mulheres com SOP da Turquia, Brasil, Austrália e Estados Unidos foram avaliados e mostraram que existe a possibilidade de que mulheres com SOP possam apresentar maior chance de depressão e ansiedade.

Entretanto, essa afirmação não é definitiva.

Os autores do estudo sugeriram a necessidade de novos trabalhos com uma investigação mais aprofundada se outros fatores como adolescência e vida adulta, uso de anticoncepcionais orais (tratamento hormonal mais amplamente empregado na SOP e hoje associado à depressão), drogas empregadas, interação entre drogas, etc. poderiam associar-se e até predisporem à ansiedade e depressão.

Os autores questionam se o tratamento de transtornos como ansiedade e depressão em mulheres com SOP (potencialmente mais evidentes nestas mulheres) poderiam trazer melhores resultados para essas pacientes. Será que um verdadeiro tratamento da SOP, com menos tratamentos com anticoncepcionais e maior controle da insulina com medicamentos para esse fim, exercícios físicos e reeducação nutricional (sempre conduzidos por equipe multiprofissional) não poderiam evitar o surgimento ou abrandar esses transtornos mentais e evitar a adição de mais drogas como as psiquiátricas?

Referência bibliográfica: Blay SL, et al. Neuropsychiatr Dis Treat. 2016.

Câncer de endométrio e obesidade

“Quase metade das mulheres com câncer endometrial (parte interna do útero) ou hiperplasia endometrial (aumento da espessura do revestimento interno do útero que aumenta o risco) não sabe que a obesidade influencia o seu risco de câncer.”

Este é o título de um estudo de 2015 que apontou o desconhecimento de muitas mulheres sobre o assunto nos EUA. O câncer de endométrio é um dos tipos mais comuns nesse país, onde a população de obesos é muito grande, e o Brasil está no mesmo caminho.

Sua incidência é maior em mulheres na perimenopausa (próximo da menopausa) e pós-menopausa e associa-se a mulheres com: OBESIDADE, diabetes mellitus, hipertensão arterial, menstruação precoce, menopausa tardia.

Acredita-se que o adenocarcinoma endometrial seja decorrente da ação estrogênica excessiva conforme encontrado, por exemplo, na Síndrome dos Ovários policísticos (SOP). Seu sinal mais precoce é sangramento vaginal anormal de origem intra uterina e, para investigar, O exame de ultrassonografia transvaginal seguido de biópsia do endométrio (revestimento interno do útero) é muito útil!

Obesidade não é sinônimo apenas de desconforto com sua aparência, mas um importante fator de risco para muitos tipos de câncer inclusive a hiperplasia e câncer endometrial, que podem ser evitados caso o excesso de peso seja controlado.

É preciso mudar seus hábitos de estilo de vida e procurar assistência capacitada multiprofissional que envolva médico, nutricionista e educador físico.

Referências:
Beavis et al. Almost half of women with endometrial cancer or hyperplasia do not know that obesity affect their cancer risk. Gynecologic Oncology Report. 13 (2015).72-75;
2.Cairo, Urbam, Simões.Carcinoma Endometrial. Diagnóstico.Diretrizes Clínicas na Saúde Suplementar. AMB/ANS.2011

Alternativa de tratamento para mulheres com SOP

O RESVERATROL é um polifenol, antioxidante encontrado principalmente
nas cascas de uvas de cor roxa e vermelha, bem como de frutos como mirtilo,
morango, cacau, e a raiz do gengibre, e amendoins. É cada vez mais estudado
como uma potencial alternativa de tratamento de mulheres com SOP.
Bahramrezaie et al (2019) empregando 800 mg/dia de resveratrol conseguiram
melhorar os níveis de FSH, LH, TSH e testosterona e expressão de genes
associados à angiogênese como o fator de crescimento do endotélio vascular
VEGF. Este tem um papel importante na vascularização folicular e oxigenação intra-
folicular, assim tem um impacto na maturação folicular, qualidade dos ovócitos,
fertilização e desenvolvimento embrionário. De fato, as taxa de oócitos de alta
qualidade e a taxa de embriões de alta qualidade foram maiores no grupo
resveratrol.

A SOP está associada ao estresse do retículo endoplasmático (ER), uma organela
celular, e à inflamação crônica subclínica, que se associam à síndrome metabólica e diabetes.

Brenjian et al (2019) também administrando 800 mg por dia de resveratrol, notaram
uma significante ação anti-inflamatória, combatendo o estresse do retículo

endoplasmático e da inflamação crônica.

Banaszewska et al (2016), usando 1500 mg ao dia de resveratrol, conseguiram
reduzir significativamente a resistência insulínica, com consequente melhora nos
níveis de testosterona e S-DHEA, hormônios androgênicos associados à
irregularidade das menstruações, acne e infertilidade em mulheres com SOP. Os
autores defendem o uso do resveratrol como uma alternativa ao tratamento com
anticoncepcionais e drogas anti- androgênicas, principalmente quando o seu uso é
clinicamente inaceitável devido aos efeitos colaterais e complicações associados a estes medicamentos.
Obs: Nunca se automedique ou se autosuplemente ! Proteja a sua saúde: procure sempre um médico e nutricionista.
Referências bibliográficas:

1. Brenjian S, et al. Am J Reprod Immunol. 2019.
2. Bahramrezaie M, et al. J Assist Reprod Genet. 2019.
3. http://press.endocrine.org/doi/pdf/10.1210/jc.2016-1858

Probióticos podem ser úteis no tratamento da endometriose?

Um estudo de ensaio clínico randomizado recente avaliou os efeitos da administração de probióticos por via oral no tratamento da dor de mulheres diagnosticadas com endometriose na fase 3 (moderada) e 4 (grave), pela classificação da Sociedade Americana de Fertilidade e através do exame anatomopatológico de material proveniente da cavidade pélvica.

Os pesquisadores usaram 1 bilhão de colônias (UFC) das seguintes cepas de probióticos uma vez ao dia durante 12 semanas : Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus plantarum, Lactobacillus fermentum e Lactobacillus gasseri.
Mesmo com um tamanho amostral reduzido, este interessante estudo mostrou significativa redução da dismenorreia (dor menstrual) principalmente após 8 semanas e dor pélvica crônica (fora do período próximo ou menstrual), conforme resultado da escala visual analógica de dor.

Essa possível eficácia dos probióticos pode ser uma consequência de aumentos nos níveis de interleucina-12 e atividade das células NK ou células natural killers (responsáveis por eliminar implantes do endométrio ectópico ou focos de endometriose).

Referência bibliográfica:
Khodaverdi S, et al.Beneficial Effects of Oral Lactobacillus on Pain Severity in Women Suffering from Endometriosis: A Pilot Placebo-Controlled Randomized Clinical Trial.Int J Fertil Steril. 2019.

Nutracêuticos, vitaminas e oligoelementos no tratamento da SOP

Relembrando os que, atualmente, são úteis para o tratamento da SOP:
👉 Exercício físico (Dos Santos et al , 2017);
👉 Reeducação alimentar (Frary et al , 2016);
👉 Gerenciamento do estresse (Stefanak et al , 2015);
👉 Metformina (Luque-Ramírez et al , 2017), mio-inositol e D-chiro-inositol (Zeng et al , 2018);
👉 Probióticos (Ahmadi et al , 2017);
👉 Ômega 3 (Yang et al , 2018);
👉 Vitamina D (Akbari et al, 2018);
👉 Coenzima Q 10 (Rahmani et, 2018);
👉 Picolinato de cromo (Fazelian et , 2917), N-acetilcisteína (Thakker et al, 2015);
👉 Resveratrol (Banaszewska et al, 2016);
👉 Melatonina (Yang et al , 2018), Ácido alfa-lipóico (Genazzani et al, 2018). 👉 L-carnitina ( Maleki et al, 2019).
🤓Nunca se automedique e procure um médico que trabalhe com ajuda multiprofissional, junto à nutricionista e educador físico.
👉Ainda há a coenzima Q10, que pode ser interessante para a fertilidade das mulheres com SOP, principalmente aquelas que já mostram sinais de falência ovariana precoce.
👉Além disso, temos a progesterona, que pode ser usada para ajudar a regularizar o ciclos menstruais e repor deficiência deste hormônio (este é fundamental para a gravidez).