As mulheres com síndrome dos ovários policísticos (SOP) podem apresentar um risco 3 vezes maior de desenvolver o câncer endometrial ( câncer da cavidade uterina).
O DIU hormonal é empregado, por alguns médicos, no tratamento da SOP, apresentando como maior justificativa para tal, o fato do seu hormônio ( o levonogestrel ) diminuir a incidência de câncer endometrial.
Entretanto, muitos ainda não sabem, ou não se é divulgado, que estudos científicos mostram que o DIU de cobre possui ação não hormonal no endométrio ( cavidade uterina) que também pode ajudar na prevenção deste câncer nas mulheres.
Como o DIU de cobre poderia ajudar a evitar o câncer endometrial (da cavidade do útero ou sua parte interna)?
Diversos estudos evidenciam a forma através da qual o DIU de cobre exerce
a sua ação protetora contra o câncer endometrial :
O DIU de cobre causaria efeitos biológicos e alterações bioquímicas no ambiente local do endométrio e possivelmente levaria a:
👉 Atrofia endometrial e diminuição da proliferação celular;
👉 Diminuição da concentração e da sensibilidade dos receptores estrogênicos ( a ação excessiva ou prolongada de estrogênio sem oposição da progesterona poderá levar ao câncer endometrial ) nas glândulas endometriais e estroma em relação à progesterona. Desta forma há um aumento relativo dos receptores da progesterona, protegendo o útero sem que haja aumento ou diminuição de hormônios no sangue.
👉 A resposta inflamatória endometrial levaria a outras ações inflamatórias com eliminação precoce de células epiteliais hiperplásicas ou pré-malignas do endométrio.
Na minha opinião, além de proporcionar um eficaz contracepção não hormonal reversível de longa duração, o DIU de cobre permite que associemos a ele o tratamento não hormonal para a SOP, principalmente para as mulheres que não querem ou não podem usar anticoncepcionais hormonais.
Metformina na gravidez para mulheres com SOP?
Ainda há dúvida na literatura científica se a metformina deva continuar na gravidez para as pacientes com SOP.
Existe a possibilidade da resistência insulinica e hiperinsulinemia provocarem abortamento, trabalho de parto prematuro, diabetes gestacional, hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia em mulheres com SOP.
Além disso, sabemos que a gravidez, fisiologicamente , já induz a um estado de resistência insulinica.
Um bom estudo, chamado PregMet2 , acabou de ser divulgado mostrando dados interessantes sobre o assunto.
O ensaio clínico durou 5 anos ( 2012 a 2017) e envolveu 487 mulheres com SOP e englobou 14 hospitais da Suécia, Noruega e Islândia.
As participantes receberam 1000 mg de metformina ( 500 mg 2 x /dia) ou placebo na 1ª semana e 2g ( 1000 mg 2x/dia) ou placebo a partir da 2ª semana até o parto.
Os autores notaram que houve uma redução significativa de abortamentos tardios ( 13 a 22 semanas e 6 dias) e de trabalho de parto prematuro ( 23 semanas a 36 semanas e 6 dias) entre as mulheres que receberam metformina comparadas às que não usaram o medicamento.
Qual o possível mecanismo pelo qual a metformina faria isso?
Sugere-se que a metformina ative a AMPK que inibiria a mTORC1 ( via do complexo alvo da rapamicina. A ativação da mTORC1 induz o trabalho de parto prematuro e sua inibição impede ou adia no início de trabalho).
Os autores nórdicos concluíram que a metformina quando usada na gravidez, a partir do final do 1ª trimestre até o parto, pode reduzir o risco de aborto espontâneo tardio e parto prematuro.
Referência bibliográfica:
Løvvik et al. Use of metformin to treat pregnant women with polycystic ovary syndrome (PregMet2): a randomised, double-blind, placebo-controlled trial.2
www.thelancet.com/diabetes-endocrinology Published online February 18, 2019 http://dx.doi.org/10.1016/S2213-8587(19)30002-6
Coenzima Q10 no tratamento da SOP
Estudo divulgado agora em 2019 pela revista médica The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, da Endocrine Society, mostra que a coenzima Q10( CoQ10), potente antioxidante produzido em nosso corpo ou presente em alguns alimentos, pode ser útil , na forma de suplemento, no tratamento de mulheres com síndrome dos ovários policísticos (SOP).
Estudo realizado por Izad et al em 2018, mostrou que a administração de CoQ10 (200 mg/dia) com ou sem suplementação de 400 UI de vitamina E, entre mulheres com SOP, pode melhorar os níveis séricos da glicemia de jejum, insulina, no HOMA-IR ( exame que ajuda na detecção da resistência insulínica)e testosterona total. A SHBG ( dependendo do nível, pode melhorar ou piorar a acne e as menstruações)somente melhorou com CoQ10 e vitamina E juntos.
De fato, Samimi et al (2017) também emcontraram significativas redução na glicemia e insulina de jejum, melhora na sensibilidade da insulina, mas também redução do LDL colesterol.
Vale lembrar que El Refaeey et al ( 2014) mostraram em seu estudo que a CoQ10 pode ajudar mulheres inférteis com SOP através da melhora da resposta ovariana ( ovulação) e aumentando as taxas de gravidezes
Rahmani et al (2017) notaram melhora na expressão de genes ( como os genes que controlam determinada ocorrência no organismo se comportarão ) para : o colesterol LDL oxidado e diversos marcadores sanguíneos responsáveis pela inflamação crônica subllinica (por exemplo , associados às doenças cardiovasculares como AVC e infarto).
Convém lembrar que a reeducação alimentar e exercícios físicos orientados, respectivamente por nutricionista e educador físico , livrar-se de vícios e promover o gerenciamento do estresse são fundamentais para o tratamento da SOP.
Referências bibliográficas :
El Refaeey A, et al. Reprod Biomed Online. 2014.
Rahmani E, et al. Gynecol Endocrinol. 2017
Samimi M, et al. Clin Endocrinol (Oxf). 2017
Izad et al. The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, 2018
O uso de DIU por mulheres nulíparas – Qual o mais indicado?
Atualmente há uma grande preocupação, entre as mulheres, com os efeitos colaterais associados aos métodos contraceptivos hormonais, principalmente as pílulas.
Muitas mulheres não querem aumentar seu risco (mesmo que pequeno) de tromboembolismo, câncer de mama ou câncer no colo do útero. Aquelas que já têm problemas com varizes, pouca libido, dislipidemias, hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, procuram por um método que substitua os contraceptivos hormonais, que sabidamente interagem negativamente com estas alterações e doenças crônicas.
O DIU de cobre é uma excelente opção para isso. Muita gente não sabe que existe o tamanho reduzido dele. Ele é indicado para mulheres nulíparas (as que nunca pariram), com úteros menores (comprimento interno da cavidade uterina entre 5 e 7 cm), que já mantém relações sexuais e querem contracepção livre de hormônios.
Os pesquisadores Otero-Flores et al (2003) identificaram em seus resultados que os DIUs menores podem provocar taxas de falhas mais baixas, causar menos dor e hemorragia e menor risco de expulsão do que o Tcu380A (o mais comum e encontrado na rede pública).
Escolha o DIU mais apropriado ao seu corpo. Sempre consulte antes um ginecologista.
Referência bibliográfica: Otero-Flores et al A comparative randomized study of three different IUDs in nulliparous Mexican women. Contraception 67 (2003) 273-276
Low glúten e os sintomas da endometriose
Marziali et al (2012) e Marziali et al (2015) mostraram em seus estudos que a dieta livre do glúten pode trazer significante melhora nos sintomas da #endometriose e até tornar o tratamento medicamentoso com dienogest (droga comumente usada) mais eficaz.
Moore et al ( 2017) mostram agora em seu estudo com 160 mulheres com diagnóstico de endometriose, que a #dieta com restrição de FODMAP pode ajudar no tratamento desta doença.⠀
O que é FODMAP ?⠀
O FODMAP é o acrônimo de dissacarídeos, monossacarídeos e polióis de oligossacarídeos fermentáveis, um grupo de carboidratos de cadeia curta encontrados em uma variedade de frutas, vegetais e grãos. Os FODMAPs são mal absorvidos e facilmente fermentáveis por bactérias. Suas ações osmóticas e produção de gás causam distensão intestinal induzindo dor e inchaço em pacientes, com efeitos secundários na motilidade intestinal. A literatura científica mostra que a endometriose é mais comum em mulheres com síndrome do intestino irritável (SCI). Além disso, parece que casos desta síndrome podem ser simplesmente endometriose não diagnosticada, uma vez que essa ginecopatia pode provocar queixas intestinais semelhantes às da SCI.
Os autores concluem que a dieta com restrição de FODMAP é eficaz no tratamento de mulheres com sintomas intestinais e endometriose. O acompanhamento médico e de nutricionista são fundamentais. Nunca tome condutas sem a orientação destes profissionais.⠀
Referências bibliográficas:⠀
1.Marziali M, et al. Gluten-free diet: a new strategy for management of painful endometriosis related symptoms? Minerva Chir. 2012 Dec;67(6):499-504.⠀
2.Marziali M, et al. Role of Gluten-Free Diet in the Management of Chronic Pelvic Pain of Deep Infiltranting Endometriosis.J Minim Invasive Gynecol. 2015 Nov-Dec.⠀
3.Moore et al. Endometriosis in patients with irritable bowel syndrome: Speci c symptomatic and demographic pro le, and response to the low FODMAP diet . Aust N Z J Obstet Gynaecol 2017; 1–5
Quem não pode usar DIU?
O DIU, apesar de ser um excelente método #contraceptivo, assim como outros, possui suas contra- indicações. Portanto, nem todas as mulheres podem usar o DIU de cobre. ⠀
Em primeiro lugar, somente as mulheres que já mantém relações sexuais, podem usar o DIU de cobre. ⠀
Que mulheres não podem usar o DIU de cobre? ⠀
Mulheres:
👎 Grávidas ou com suspeita de gravidez;⠀
👎 Com septicemia puerperal ( grave infecção no puerpério, ou seja, infecção após o parto)⠀
👎 Com abortamento infectado;⠀
👎 Sangramento vaginal inexplicável;⠀
👎 Câncer do colo do útero aguardando tratamento;⠀
👎 Câncer endometrial ( parte interna do útero) aguardando tratamento;⠀
👎 Grande distorção da cavidade uterina por #miomas ou malformações congênitas ou adquiridas que inviabilizem a inserção do DIU;⠀
👎 doença inflamatória pélvica em atividade;⠀
👎 Cervicite purulenta ( infecção do colo do útero) , presença de gonorreia ou infecção por clamídia;⠀
👎 risco aumentado para DST ( como profissionais do sexo);⠀
👎 AIDS ( doença em atividade) Entretanto, se tiver apenas a infeção por HIV, ou seja, sem doença ativa,não é contra- indicada a inserção do DIU)⠀
Referência bibliográfica:⠀
1. Manual de Critérios Médicos de Elegibilidade da OMS para uso de métodos anticoncepcionais. FEBRASGO, 2010. 4ª edição. ⠀
Quais mulheres podem usar DIU de cobre?
Algumas de minhas pacientes usam hoje o DIU de cobre, pois se sentiam muito mal quando usavam anticoncepcionais hormonais.
Elas os usavam apenas para contracepção.
Detalhe: elas ainda não tinham filhos.
Este fato, apesar de não ser nenhuma contra – indicação ao uso do DIU, dificulta que mulheres que ainda não engravidaram, consigam encontrar facilmente um médico que queira colocá-lo nas que desejam usá-lo. Tudo isso por mito de que : “mulheres que ainda não tiveram filhos não podem usar o DIU (MITO!!!) ” Afinal, que mulheres podem usar o DIU de cobre?
As mulheres que:
👍 Tenham ou não tido filhos;
👍 Sejam casadas ou não;
👍 de qualquer idade, inclusive adolescentes e mulheres acima de 40 anos;
👍 tenham acabado de passar por um aborto espontâneo ou induzido ( se não houver evidência de infecção);
👍 Estejam amamentando;
👍 Executem trabalhos físicos pesados;
👍 Tenham tido uma gravidez ectópica;
👍 Tenham tido uma doença inflamatória pélvica ( tratada ou curada);
👍 Tenham anemia;
👍 Estejam infectadas com HIV ou em terapia desde que clinicamente bem.
Referência bibliográfica
Planejamento familiar. Um manual global para profissionais e serviços de saúde. Organização Mundial de Saúde e Escola Bloomberg de Saúde Pública/ Centro de Programas de Comunicação da Universidade Johns Hopkins, 2007.
Vitamina D e Probióticos – dupla bem-vinda na SOP
Atualmente, sempre que começo o tratamento para minhas pacientes com síndrome dos ovários policísticos (SOP), chamo atenção para:
1º O mais importante de tudo é a conscientização e por em prática o estilo de vida ( reeducação alimentar, exercícios físicos, gerenciamento do estresse, dormir bem e livrar-se de vícios como fumar e álcool em excesso).
2º Dificilmente não iniciarei a suplementação com vitamina D ( com muita frequência é baixa em quem tem SOP e que pode ser causa ou consequência de desequilíbrio endócrino e metabólico, que muito se observa nestas mulheres) e probióticos (importante estratégia para corrigir a disbiose intestinal – desequilíbrio entre bactérias nocivas e benéficas do intestino – que pode levar à resistência insulinica , atualmente o principal fator fisiopatológico da SOP).
Estudo divulgado agora em 2019 mostrou que a administração de 50.000 UI de vitamina D a cada 2 semanas ( dose discreta)+ probióticos ( 8 bilhões /dia) em cápsulas, com as seguintes cepas: Lactobacillus acidofilus, Bifidobacterium bifidum, Lactobacillus reuteri and Lactobacillus fermentum (2 × 10 9ªCFU/g cada ou 2 bilhões cada), foi capaz de trazer melhora: nos parâmetros mentais (a SOP associa-se com frequência a transtornos psiquiátricos como compulsão alimentar , ansiedade , depressão e distúrbio bipolar ) , testosterona total , hirsutismo ( pelos anômalos ) , diminuição de fatores inflamatórios e aumento de antioxidantes, úteis no combate ao estresse oxidativo (excesso de radicais livres provocando danos e complicações associadas à SOP).
Referência bibliográfica :
Ostadmohammadi et al.Vitamin D and probiotic co-supplementation affects mental health, hormonal, inflammatory and oxidative stress parameters in women with polycystic ovary syndrome. J Ovarian Res. 2019.
Terapia hormonal é para todas em menopausa?
Você chegou à menopausa precoce ou no tempo esperado e apresenta sintomas que reduzem grandemente sua qualidade de vida pela presença de fogachos (calores), diminuição importante da libido, ressecamento vaginal, grande labilidade emocional, irritabilidade.
Você poderia beneficiar-se da terapia hormonal (TH) desde que não possuísse contraindicações ao uso de #hormônios.
Você sabe quais são as situações onde não deve receber a TH?
A terapia hormonal (TH) ESTÁ CONTRAINDICADA nos seguintes casos:
• Doença hepática descompensada;
• Câncer de mama;
• Câncer de endométrio;
• Lesão precursora para câncer de mama;
• Porfiria (doença genética do sangue);
• Sangramento vaginal de causa desconhecida;
• Doenças coronariana (angina e infarto do miocárdio) e cerebrovascular (AVC, ataque isquêmico transitório)
• Doença trombótica ou tromboembólica venosa – levar
em conta a via de administração;
• Lúpus eritematoso sistêmico;
• Meningioma – apenas para o progestagênio.
Referência bibliográfica:
Wender, Pompei e FernandesConsenso Brasileirode Terapêutica Hormonal da Menopausa. Associação Brasileira de Climatério (SOBrAC). 2014
Pode ser útil no tratamento das cólicas menstruais e TPM ?
A vitamina D tem um papel crucial na reprodução feminina, possivelmente através de seus efeitos sobre a homeostase do cálcio, flutuações cíclicas dos hormonais sexuais esteroides ou função neurotransmissora.
Estudo recente avaliou os efeitos da suplementação de vitamina D na dismenorreia (dores menstruais) e na síndrome pré menstrual (SPM) em 897 #adolescentes do sexo feminino. Elas receberam 50.000 UI / semana de #colecalciferol) e foram acompanhadas por 9 semanas.
Os pesquisadores avaliaram efeito da suplementação de vitamina D nas adolescentes em quatro categorias: aquelas com apenas SPM; com apenas dismenorréia ; aquelas com SPM e dismenorreia e as sem estas alterações.
A suplementação de vitamina D foi associada com uma redução na incidência de vários sintomas da TPM, como #dor nas costas e tendência a chorar facilmente, bem como decréscimo na gravidade da dismenorreia.
Os autores chegaram à conclusão de que a suplementação com altas doses de vitamina D pode reduzir a prevalência de TPM e dismenorreia, além de ter efeitos positivos nos sintomas físicos e psicológicos da TPM.
OBS: Nunca faça automedicação! Procure sempre um profissional de saúde capacitado para prescrever a vitamina D. São imprescindíveis: sua história clínica e exames físico e laboratorial. Nenhum post de Instagram é capaz de substituir uma consulta!