MITO!
Cerca de 60 a 70 % das mulheres com SOP apresentam sobrepeso ou obesidade. Quanto maior o peso, maior é a presença da resistência à insulina no organismo e hiperinsulinemia (aumento da insulina no sangue).⠀
A resistência insulínica desempenha um papel central na fisiopatológico da SOP. A gordura intra-abdominal ou gordura visceral tem alta associação com a resistência insulinica e é um Importante fator de risco para doenças cardiovasculares como infarto e AVC.⠀
Sem dúvida, o combate ao sobrepeso e a obesidade estimulando a perda de peso é medida fundamental para o sucesso do tratamento e prevenir doenças cardiovasculares, diabetes e complicações gravídicas como abortamentos , diabetes e hipertensão .⠀
Por outro lado, é um mito acreditar que a SOP atinja apenas as mulheres que se encontram acima do peso, pois atinge as magras ou com o peso normal também. As pacientes magras com SOP também apresentam complicações. Percebe-se, principalmente, que elas demonstram alterações menstruais e infertilidade e têm maior risco de gordura visceral ( esteatose hepática ou gordura no fígado ), além de alterações sanguíneas de inflamação crônica subclínica ( associado à doenças cardiovasculares) do que mulheres magras sem SOP.⠀
Referência bibliográfica:⠀
1.Silva et al . Síndrome dos ovários policísticos, síndrome metabólica, risco cardiovascular e o papel dos agentes sensibilizadores da insulina⠀
Arq Bras Endocrinol Metab vol.50 no.2 São Paulo Apr. 2006⠀
Vantagens do DIU de cobre – que nem sempre contam para você…
O DIU de cobre:
🔵 É um método contraceptivo eficaz e seguro por longo período de tempo;
🔵 Não engorda e, por isso, possibilita otimizar os resultados da reeducação alimentar e exercícios físicos;
🔵 Tem custo acessível a praticamente todas as pessoas;
🔵 É de fácil introdução no útero;
🔵 É de fácil retirada em qualquer consultório, quando sua usuária desejar;
🔵 É mais econômico. Faça o seguinte cálculo: multiplique por 120 o preço do seu anticoncepcional hoje. Você terá como resultado o dinheiro que você economizará em 10 anos (tempo de validade de alguns DIU de cobre) por não precisar comprar pílulas ou injeções todos os meses. Isso sem levar em conta o aumento natural no preço dos anticoncepcionais hormonais durante este tempo.
🔵 Evita os problemas provocados pelo atraso em tomar pílulas ou receber injeções, ou o seu esquecimento, tais como sangramentos genitais e gravidez;
🔵 Não se associa à trombose venosa profunda, câncer de mama, câncer do colo do útero, tumores hepáticos, doenças inflamatórias intestinais como ocorre com as pílulas anticoncepcionais;
🔵 Protege contra o câncer de endométrio (da parte interna do útero) e estudos atuais sugerem menor ocorrência de câncer de colo entre usuárias deste método.
🔵 Preserva a libido da mulher, pois não reduz a sua testosterona como ocorre com os contraceptivos orais;
🔵 Proporciona rápido o reestabelecimento da fertilidade após sua retirada, ao contrário do que ocorre com certos contraceptivos hormonais – como os injetáveis trimestrais – que podem fazer com que a usuária leve em média 10 meses para engravidar podendo chegar até a 31 meses (quase três anos) após a última injeção!
🔵 Pode ser utilizado pela mulher que já mantém relações sexuais e que nunca teve filhos, inclusive adolescentes!
Dieta low carb – um estilo de vida adequado para tratamento o da SOP
A mulher com SOP possui um risco 3 vezes maior de apresentar síndrome metabólica (SM) do que a mulher sem a síndrome.
A SM é uma condição patológica caracterizada por hipertensão, glicose elevada, gordura em excesso em volta da cintura e colesterol elevado, implicando em risco aumentado para doença cardíaca, AVC e diabetes.
Os hábitos alimentares são a principal causa da síndrome metabólica e a modificação da dieta representa a maneira mais fácil de obter medidas preventivas para essa condição.
Um estudo de meta-análise atual ( Zhang et al, 2019) mostrou em seus resultados que o tratamento com dieta low carb (baixo teor de carboidratos) em mulheres com SOP melhorou significativamente o índice de massa corpórea (IMC), os níveis de colesterol total e LDL, HOMA-IR (exame para avaliar resistência à insulina), testosterona, FSH (hormônio que estimula a formação de folículos e se encontra alterado em mulheres com SOP , resultando em folículos atrofiados , que não ovulam) e SHBG (proteína que se liga fortemente à testosterona e quando muito baixa, associada à excesso de hormônios androgênicos como a testosterona, contribui para ausência de ovulação, de menstruação, de gravidez e piora da acne).
No entanto, como o controle adequado da ingestão de carboidratos na dieta diária tem efeitos definidos na prevenção e tratamento da síndrome metabólica, as intervenções alimentares representam uma abordagem importante para melhorar os sintomas clínicos associados à fisiopatologia da SOP.
Referência bibliográfica: The Effect of Low Carbohydrate Diet on Polycystic Ovary Syndrome: A Meta-Analysis of Randomized Controlled Trials.
Zhang X, et al. Int J Endocrinol. 2019
A influência do uso de canela na SOP
Tradicionalmente a canela é empregada em vários distúrbios, como dor de cabeça, dor de dente, resfriado comum, diarreia, flatulência, febre e amenorreia. Estudos atuais sugerem que ela também possa ser útil na melhora de parâmetros metabólicos em mulheres com síndrome dos ovários policísticos (SOP).
O estudo de Heydarpour et al (2020) avaliou outros 5 estudos, abrangendo 448 mulheres. Eles mostraram no seu estudo que a suplementação de canela em mulheres com SOP pode ser útil para diminuição significativa da glicose em jejum, insulina em jejum, HOMA-IR (exame que avalia a resistência à insulina), reduzir significativamente o nível sérico de LDL-colesterol, colesterol total e triglicerídeos. Além disso, uma melhora na concentração sérica de HDL-C foi demonstrada pela suplementação de canela.
A dose empregada na grande maioria dos estudos foi de 1500 mg/dia.
O presente estudo indicou que a suplementação de canela pode ajudar os pacientes com SOP a gerenciar seus parâmetros metabólicos.
Contraceptivos orais a médio e longo prazo podem levar à gengivites e periodontites?
De acordo com Irfan Ali et al (2016), a gengivite e periodontite podem surgir já após alguns meses do uso de contraceptivos orais e aumentam gradualmente , dependendo da dosagem e duração da terapia.
Irfan Ali et al ( 2016) e Al -Saffar et al ( 2019) descrevem alguns mecanismos pelos quais os contraceptivos orais combinados podem levar à piora da saúde bucal:
Diminuição da queratinização e aumenta o glicogênio no epitélio e diminuição da efiácia da barreira epitelial;
Aumenta a inflamação das gengivas;
Aumento da produção de prostaglandinas E2 ( substância inflamatória);
Interfere com a fabricação do colágeno da gengiva, diminuindo a capacidade de reparo;
Aumento da vasodilatação, permeabilidade e fluído gengival;
Aumento da Candida albicans, parapusilosis, krusei, tropicalis, glabrata subgengival e aumento de bacterias P. intermedia, P.gengivalis , Actinomycetemcomitans, Estreptococos mutans na cavidade oral.
Este post não se destina a criar polêmica a respeito do uso de anticoncepcionais e piora da saúde bucal, mas de mostrar informações científicas de que contraceptivos hormonais podem influenciar hormônios endógenos (naturais) e levar à gengivite, periodontite, cáries e osteíte (inflamação óssea).Desta forma, ajudar médicos, odontólogos e às mulheres a identificar precocemente, criar meios de prevenção e aumentar a atenção da saúde bucal durante a assistência às usuárias de anticoncepcionais hormonais (Irfan Ali et al, 2016).Na minha opinião, o uso racional de pílulas anticoncepcionais por determinado período de tempo e com época para terminar pode ser executado , desde que informações importantes sobre efeitos colaterais e complicações sejam repassadas à mulher , para que a mesma tenha seu direito à informação respeitado e que possa decidir juntamente com seu médico a melhor opção contraceptiva.
Referência bibliográfica: Al-Saffar. The Effects of Contraceptive Pills on Oral Health: A Review Study .ACTA SCIENTIFIC DENTAL SCIENCES (ISSN: 2581-4893) Volume 3 Issue 12 December 2019
Irfan Ali et al . Oral Health and Oral Contraceptive – Is it a Shadow behind Broad Day Light? A Systematic Review Journal of Clinical and Diagnostic Research. 2016 Nov, Vol-10(11): ZE01-ZE06
Como diagnosticar uma insuficiência lútea?
(2ª fase do ciclo responsável pela produção adequada de progesterona , ovulação, e MANUTENÇÃO da gravidez inicial)
Os ciclos menstruais com insuficiência lútea se associam frequentemente com polimenorreia (ciclos inferiores a 24 dias), hipermenorreia (aumento dos números de dias da menstruação) e sangramentos uterinos esporádicos (spotting) na fase pré-menstrual e infertilidade.
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Métodos usados para avaliar ovulação que poderão ser empregados para identificar ciclos com insuficiência lútea:
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👉 curva térmica basal. Normalmente a temperatura se eleva 0,2 ou mais décimos no meio até próximo à menstruação. Caso a temperatura não se modifique ou se eleve tardiamente, será anormal.
👉 Dosagens de FSH, LH e Prolactina ( PRL)
👉 Biópsia do endométrio
👉 Ultrassonografia seriada
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O tratamento consiste em identificar a causa básica e tratá-la, melhorar o estilo de vida, reposição de progesterona preferencialmente por via vaginal.
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Referência bibliográfica: Manual de Ginecologia Endócrina / Edmund Chada Baracat. – São Paulo: Federação Brastileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).
Como determinar a data real da ocorrência da ovulação? Como saber se está ovulando?
Emprego de exames precisos que são mais efetivos quando usados em conjunto, dois ou mais dos abaixo:
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👉 Escore do muco cervical: filância e criatalização;
👉 Curva da temperatura basal;
👉 Estradiol plasmático seriado;
👉 Ultrassonografia transvaginal seriada;
👉 Progesterona plasmática na segunda fase do ciclo (por ex: 21º -24º dia do ciclo , ou 21 dias a 24 dias depois do 1º dia da menstruação). Alguns autores defendem que uma progesterona acima de 3 ng/ml fala a favor de ovulação e acima de 10 ng/ml compatível com uma boa fase lútea). A fase lútea adequada é caracterizada por uma boa produção de progesterona que vai preparar o endométrio (parte interna do útero) para receber a implantação do óvulo fecundado e prosseguimento da gravidez;
👉Histologia do endométrio na segunda fase do ciclo (a característica da morfologia do endométrio tem de ser compatível no microscópio a estrutura de uma boa fase lútea e não pode mostrar-se defasada em relação à época do ciclo . Tem de se apresentar desenvolvida com uma boa atuação da progesterona).
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Referência bibliográfica: Manual de Ginecologia Endócrina / Edmund Chada Baracat. – São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).
Causas de insuficiência da fase lútea do ciclo menstrual, abortamento e o que fazer
Sabemos que a fase lútea, a segunda fase de um ciclo menstrual regular, é caracterizada pela atuação adequada do corpo lúteo. Essa estrutura produz progesterona em quantidade normal para dar prosseguimento ao trabalho iniciado pelo estradiol na preparação do endométrio para a gravidez. O trabalho da progesterona faz com que o endométrio se prepare para receber o óvulo fecundado e fazer que a gravidez progrida e evite um abortamento. Caso não haja gravidez, o corpo lúteo involui, e a paciente menstrua.
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Quais as causas de uma fase lútea insuficiente (insuficiência lútea) e consequente produção inadequada de progesterona?
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👉 Hiperprolactinemias (prolactina – PRL alta). A dosagem de PRL deve ser feita pela manhã, em jejum e após 30 minutos de repouso. Na fase folicular nao deve ultrapassar 20 ng/ml e nos ciclos longos, amenorreia ou galactorreia( saída de leite pelos mamilos) nao deve ultrapassar 25ng/ml;
👉 Depressão, estresse;
👉 Exercícios físicos intensos;
👉 Fase folicular encurtada (1ª fase do ciclo);
👉 Ciclos ovulatórios induzidos para a FIV. Ex: a administração de agonistas ou antagonistas de GnRH levando a queda do LH;
👉 Alterações da tireoide e das suprarrenais;
👉 Causas imunológicas;
👉 Obesidade, diabetes doenças debilitantes;
👉 Uso crônico de drogas como anti-inflamatórios, ansiolíticos, antidepressivos, hipotensores, etc;
👉 Puberdade e idade materna avançada.
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O que fazer?
👉 Identificar causas, se possível afastá-las, melhorar o estilo de vida e reposição de progesterona.
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Referência bibliográfica: Manual de Ginecologia Endócrina / Edmund Chada Baracat. – São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).
Você sabe o que é a fase lútea do ciclo menstrual?
É o período que vai da ovulação até o início da gravidez ou do fluxo menstrual. Nesta fase, encontramos o corpo lúteo (CL) , que produz principalmente progesterona. Quando houver gravidez, ele se desenvolverá até a placenta assumir o papel de manter a gravidez.
Se o corpo lúteo não é funcionante, sem que haja uma boa produção de progesterona, ocorrem abortos espontâneos.
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É muito importante um ciclo menstrual regular, com duas fases (a 1ª fase, regida pelo 17 beta estradiol e a 2ª fase pela progesterona). O estradiol será muito importante para induzir a formação e sensibilização dos receptores (buracos de fechadura) de progesterona (a chave).
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Portanto a secreção cíclica de estradiol e progesterona provoca modificações morfológicas e fisiológicas no endométrio, levando à produção de substâncias endometriais, o que vai propiciar um endométrio adequado para a implantação e do início da gravidez.
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O que ocorre se a produção de progesterona for insuficiente?
Leva à insuficiência lútea. Esta é caracterizada por ovulações imperfeitas, corpo lúteo de má qualidade e um PREPARO INADEQUADO DO ENDOMÉTRIO PARA A NIDAÇÃO (processo de implantação do óvulo fecundado no endométrio, ou parte de revestimento interno do útero) E DESENVOLVIMENTO DO EMBRIÃO.
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Quais as causas da insuficiência lútea?
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O que fazer para descobrir se está ovulando?
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Leia o próximo post sobre insuficiência lútea, progesterona baixa, suas causas e abortamento.
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Fonte : Manual de Ginecologia Endócrina / Edmund Chada Baracat. – São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia ( FEBRASGO).
Você sabe o que é Síndrome Reprodutiva?
É o novo nome que diversos pesquisadores e estudiosos sobre síndrome dos ovários policísticos (SOP) – em diversas partes do mundo- tentam dar a esse transtorno endócrino desde 2012. Sim, ao invés de SOP, passaria a se chamar de SÍNDROME REPRODUTIVA METABÓLICA. Qual seria o motivo?
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De acordo com a médica endocrinologista, Professora e Chefe da Divisão de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo da Universidade da Califórnia, Sidika E. Karakas (em seu artigo divulgado em 2017), a “definição de SOP baseada em função reprodutiva e excesso de hormônios androgênicos, IGNORA o aspecto metabólico da síndrome.” Ele relata, em seu artigo, que nos EUA: 80% das mulheres com SOP são obesas e 50% têm síndrome metabólica. Mulheres com SOP têm: um risco 4x maior de desenvolver diabetes tipo 2 e quase 3x de diabetes gestacional. Uma em cada cinco desenvolve diabetes ANTES DOS 40 ANOS DE IDADE. Por essa razão, foi proposto desde 2012 que a SOP deveria se chamar de SÍNDROME REPRODUTIVA METABÓLICA.
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A mudança se deve às alterações endócrinas e metabólicas na SOP, que vão muito mais além do que infertilidade, atrasos menstruais e acne. Pode resultar em doenças crônicas limitantes da qualidade de vida e longevidade, além de complicações gravídicas, todas associadas à resistência insulínica (RI), o grande fator fisiopatológico da SOP e que deve ser combatida. Infelizmente, a RI não pode ser tratada com anticoncepcionais orais. Muito pelo contrário, poderá ser agravada a médio/ longo prazo com estas drogas.
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REFERÊNCIA: Karakas. New biomakers for diagnosis and management of polycystic ovary syndrome. Clinica Chimica Acta (2017), doi 10.1016/j.cca.2017.06.009.