Qual o erro?

A Médica, Professora, Vice-Presidente de Atenção Primária das Mulheres do Departamento de Medicina da Jefferson University, Katherine Sherif, acha que a síndrome dos ovários policísticos (SOP) têm de mudar de nome e passar a se chamar de: SÍNDROME REPRODUTIVA METABÓLICA.

Por que isso?

De acordo com ela:
🚨 Há escassez de financiamentos para pesquisadores da SOP;
🚨 Há falta de diagnóstico precoce e tratamento agressivo para SOP.
🚨 É Comum se deparar com uma mulher com SOP e ela já poder ter desenvolvido esteatose hepática (fígado gorduroso, fator de risco para doenças cardiovasculares), hipertrigliceridemia e diabetes.
🚨 É comum as mulheres com SOP receberem a seguinte mensagem de seus médicos: ” Use pílula anticoncepcional e volte quando quiser engravidar. ” Aliás, a meu ver, atitude muito comum também no Brasil.
🚨 Há uma falta generalizada de conhecimento sobre problemas metabólicos da SOP, que decorre de um problema sistêmico na cultura médica: a separação da saúde reprodutiva da mulher de outros campos da Medicina e da noção que os hormônios sexuais só afetam órgãos reprodutivos e não outras partes do corpo.
🚨 O nome Síndrome dos Ovários Policísticos fazia sentido antes de entender a RESISTÊNCIA INSULÍNICA.
🚨 Ajuda os médicos a reconhecer que a SOP possui um risco metabólico significativo.

Faz-se assim, uma clara referência de que o médico tem de reconhecer que a SOP é uma entidade que não abrange apenas a fisiologia reprodutiva, mas metabólica também. Conclui-se que usar anticoncepcionais orais podem até regularizar menstruações e limpar pele, mas não é uma boa opção para tratar a resistência insulínica, causadora de diabetes, doenças cardiovasculares e complicações gravídicas em mulheres com SOP.

Referência: https://www.healio.com/endocrinology/reproduction-androgen-disorders/news/online/%7B5203193f-8ab8-44f3-9f1e-111a565cac62%7D/metabolic-reproductive-syndrome-proposed-as-new-name-for-pcos

Suplementação de coenzima Q10 pode ser útil às mulheres com mais idade e dificuldade para engravidar

A coenzima Q10 é uma substância antioxidante produzida pelo organismo humano e de fundamental importância para o funcionamento da mitocôndria e, portanto, para a produção de ATP (reservatórios temporários de energia), essencial para funções vitais do organismo.

O mau funcionamento mitocondrial no oócito (óvulo imaturo) e nas células ovarianas (da granulosa) gera déficit de energia (ATP) e traz dificuldade de desenvolvimento dos oócitos e alterações na estrutura dos cromossomos (aneuploidias), em embriões. (Wuilding et atl ,2001;Tsai et al,2010)

O problema é que por diversos fatores no mundo atual, as mulheres estão engravidando ou deixando para engravidar mais tardiamente (por exemplo, acima dos 35 anos). Ben-Meir et al (2015) em seu estudo divulgado em revista da American Society for Reproductive Medicine mostrou que a atividade da mitocôndria, que é dependente da coenzima Q10 diminui com o avançar da idade, mas que a suplementação desta substância antioxidante em mulheres com mais idade, pode ajudar na atividade da mitocôndria das células ovarianas e contribuir para oócitos e embriões de qualidade em programas de reprodução assistida.

Uso do DIU e proteção contra o câncer de colo de útero

Estudo de revisão sistemática com metanálise, divulgado em dezembro de 2017, na revista Obstetrics & gynecology pertencente ao The American College of Obstetricians and Gynecologists, envolvendo 16 outros estudos, mostrou em seus resultados que o risco de uma mulher que usa DIU desenvolver câncer de colo é cerca de 30% MENOR comparado àquelas que não usam esse método.

O estudo sugere que o uso do DIU pode proporcionar um efeito protetor contra o câncer de colo.
A Agência Internacional de Pesquisa em Estimativa do Câncer alerta que o câncer de colo é a 3ª neoplasia maligna mais comum entre as mulheres do mundo. Estima-se o surgimento de 710.000 casos de câncer de colo e cerca de 383.000 mortes até 2030.
⬆Parece que o DIU aumenta a imunidade celular combatendo infecções pelo HPV (que podem levar a esse de tipo de câncer) além de ajudar a eliminar possíveis lesões persistentes de HPV ou pré-malignas durante a sua inserção ou retirada.
Entretanto, ainda não se sabe o mecanismo exato pelo qual o DIU de cobre possa exercer seu efeito protetor.
Os autores do estudo sugerem que o efeito não contraceptivo de proteção contra o câncer de colo – por parte do DIU – pode ser um fator útil para populações com acesso muito limitado ao rastreio e com alta incidência de câncer de colo do útero.

Referência bibliográfica:
Cortessis et al. Intrauterine Device Use and Cervical Cancer Risk
A Systematic Review and Meta-analysis. Obstetrics & Gynecology. VOL. 130, NO. 6, DECEMBER 2017

Mulheres com SOP têm maior risco de apresentar menopausa precoce

Você sabia que as mulheres com síndrome dos ovários policísticos podem apresentar maior risco de desenvolver falência ovariana primaria (FOP) – também chamada de menopausa precoce ou falência ovariana prematura- e entrarem mais cedo na menopausa (antes dos 40 anos) do que as mulheres sem SOP?
❗Olha que interessante…

Estudo cujos resultados saíram em 2017, COM SEGUIMENTO DE 10 ANOS, comparou 7.049 mulheres com SOP a 70.490 mulheres sem SOP e mostrou que:
🚨 As mulheres com SOP apresentaram maior risco de FOP quando comparadas às mulheres sem SOP;
🚨 Comparadas às mulheres sem SOP, o risco de FOP foi ainda mais alto entre as mulheres com SOP, quando elas não receberam tratamento com …METFORMINA (que combate à resistência insulínica base fisiopatológica para a SOP).
🚨 O RISCO PARA FOP FOI SIGNIFICATIVAMENTE REDUZIDO NAS MULHERES COM SOP QUANDO ESTAS RECEBERAM TRATAMENTO COM… METFORMINA! Por outro lado, as mulheres que receberam tratamento com anticoncepcionais orais continuaram com o risco aumentado para falência ovariana prematura.
👩‍⚕️👨‍⚕️Os autores concluem que: A SOP é um significante e independente fator de risco para a falência ovariana prematura (FOP) e que o uso da METFORMINA reduz o risco de FOP.

❓O que isso sugere a todos nós?
🤔Que deveremos atacar o que mais se aproxima da CAUSA da SOP:👉 a RESISTÊNCIA INSULÍNICA = quando a insulina não consegue agir nas células e exercer o seu papel (fazer com que a glicose entre nas células e seja utilizada como energia). Isso leva o corpo a produzir cada vez mais este hormônio vindo a provocar a hiperinsulinemia (excesso de insulina que traz complicações ao organismo da mulher). Hoje o termo atualmente utilizado é insuficiência ovariana prematura- IOP.

🗄Referência bibliográfica: Polycystic ovarian syndrome and the risk of subsequent primary ovarian insufficiency: a nationwide population-based study.
Pan ML, et al. Menopause. 2017.

Não se engane – Dizer que o DIU de cobre não pode ser usado por mulheres que nunca tiveram filhos ou por “serem jovens demais” é um sofisma

Sei que muitas das minhas seguidoras já viram este post. É que, infelizmente, enquanto continuarmos a escutarmos SOFISMAS como estes, continuaremos o nosso trabalho de “formiguinha” quanto ao esclarecimento da verdade! 👇👇👇👇👇👇
Gente, é sempre bom lembrar, pois -inacreditavelmente- ainda ouvimos muito isso!!!!!

Segundo o dicionário Michaelis, sofisma é:
so.fis.ma
sm (gr sóphisma)
1️⃣ Lóg Raciocínio capcioso, feito com intenção de enganar.
2️⃣ Argumento ou raciocínio falso, com alguma aparência de verdade.
3️⃣ pop Dolo, engano, logro.

Segundo o dicionário Aurélio, Sofisma é:
1️⃣ Argumento capcioso com que se pretende enganar ou fazer calar o adversário.
2️⃣ Engano; logro.

🆓É… alguém disse algum dia que “o conhecimento liberta”. Liberte-se você também 👊🏼👊🏼👊🏼👊🏼

Referências bibliográficas: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=sofisma
http://www.dicionariodoaurelio.com/sofisma

SOP realmente pode levar a intolerância a glicose (pré-diabetes) e a diabetes mellitus?

Revisão sistemática com meta-regressão (a grosso modo, a meta-regressão tenta melhorar a qualidade do estudo levando-se em consideração fatores que poderiam interferir nos resultados da revisão) avaliou 4530 estudos e selecionou 40 (mesmo assim, é muito estudo de qualidade analisado) e verificou a associação de pré-diabetes, diabetes e mulheres com SOP.

O estudo ratifica que mulheres com SOP têm maior risco desenvolver a INTOLERÂNCIA À GLICOSE (pré-diabetes) e DIABETES MELLITUS TIPO 2.

Os autores mostram em seus resultados que o risco de ser ter pré-diabetes em mulheres com SOP foi 5x maior entre as asiáticas, 4x maior entre as americanas, 3 x maior entre as europeias.

Globalmente, a mulher com SOP tem um risco um pouco maior (3 vezes mais) de ter intolerância e quase 3 de vir a ter diabetes. Este estudo mostrou que foi alta a associação de pré-diabetes e diabetes com a obesidade e a influência da etnia (fatores culturais? Alimentares? Sedentarismo?) O que estes resultados mostram mais?

Mostram que a atualmente a SOP é uma entidade na qual não podemos pensar apenas em infertilidade, controle de menstruações e manter a pele limpa. A SOP traz outras complicações que devem ser levadas em consideração e que não serão evitadas usando apenas uma pílula mágica na boca.
Até mesmo porque ela não existe!

Referência bibliográfica:
Kakoly Et al. Ethnicity, obesity and the prevalence of impaired glucose tolerance and type 2 diabetes in PCOS: a systematic review and meta-regressionHuman Reproduction Update, 26 March 2018.

Você sabia que a SOP pode se associar a várias doenças metabólicas, cardiovasculares e a doença autoimune da tireoide?

Quando o sistema imunológico ataca a tireoide, leva a uma inflamação desta glândula que provoca uma ruptura e resulta no excesso de hormônios da tireoide (hipertireoidismo). Ao longo do tempo, a inflamação impede a tireoide de produzir hormônios de maneira suficiente levando ao hipotireoidismo, como ocorre na tireoidite de Hashimoto.

A literatura mundial mostra que a doença autoimune da tireoide pode ocorrer em 18-40% das mulheres com SOP, dependendo do critério diagnóstico adotado e raça da mulher com SOP.
Um bom estudo de revisão sitemática envolvendo outros 12 estudos, divulgado agora em 2019, onde foram avaliadas 1210 mulheres diagnosticadas com SOP e 987 controles saudáveis, mostrou que a doença autoimune da tireoide foi observada significantemente em 26,03% da mulheres com SOP e apenas 9,72% das mulheres sem a síndrome.

O estudo ratifica o que diversos outras defendem: realmente a doença autoimune da tireoide é mais frequente em pacientes com SOP e pode afetar a função da tireoide.
Desta forma, o estudo, assim como outros, defende a importância de que todas as mulheres com SOP sejam avaliadas laboratorialmente tanto para a função quanto para a presença de auto-anticorpos contra a tireoide.

Referência bibliográfica: Association Between PCOS and Autoimmune Thyroid Disease: A Systematic Review and Meta-Analysis Mirian Romitti et al. Endocr Connect. 2018

Quercetina e o seu poder antioxidante natural na SOP

Medicamentos atuais costumam ser usados apenas para controlar sinais e sintomas da SOP (por exemplo, anticoncepcionais orais) mas não são capazes de prevenir complicações associadas à síndrome como: obesidade, dislipidemia, hipertensão,doenças cardiovasculares e diabetes mellitus tipo 2 e pode até agravar cada uma destas situações.

Atualmente os anticoncepcionais podem levar à intolerância à glicose(pré-diabetes) e à resistência insulínica (principal fator fisiopatológico da grande maioria das mulheres com SOP e principal fator de risco para o diabetes mellitus tipo 2).

Portanto, de acordo com Rocca et al, 2015), os produtos naturais tornaram-se um tópico de interesse para o manejo da SOP e suas complicações. Particularmente aqueles produtos que demonstrem ação antioxidante (combatendo os radicais livres em excesso responsáveis pelo estresse oxidativo, fator fisiopatológico da SOP e causa predisponente de resistência insulínica ou da sua piora).

Além de agentes antioxidantes atualmente estudados no tratamento da SOP, tais como:
N -acetilciateína;
coenzima Q10;
ácido alfalipoico;
resveratrol;
…estudo atual (Pourteymour et al, 2020) mostra que a quercetina (flavonoide antioxidante encontrado na maçã, cebola, vinho tinto, cereja , pimenta, alcaparras) pode ajudar no tratamento da SOP melhorando a hiperandrogenemia, a foliculogênese (origem do óvulos) com poder de combater complicações, melhorando a RI e inflamação crônica.

Referência bibliográfica
Pourteymour et al. Quercetin and polycystic ovary syndrome, current evidence and future directions: a systematic review.Review J Ovarian Res. 2020.

Reposição hormonal com Estradiol e Progesterona – no tratamento da depressão na menopausa

Parece que a terapia hormonal (TH) não somente é capaz de gerenciar os sintomas depressivos na perimenopausa e pós -menopausa, mas de preveni-los também.

Estudo divulgado recentemente em janeiro de 2018 mostrou que o uso de estradiol transdérmico (absorção através da pele) + progesterona micronizado, não confundir com progestogênio (hormônio encontrado em pílulas anticoncepcionais), pode evitar o aparecimento de SINTOMAS DEPRESSIVOS CLÍNICOS SIGNIFICANTES DURANTE A TRANSIÇÃO PARA A MENOPAUSA E PÓS-MENOPAUSA RECENTE.

Qualidade de vida é algo que todos nós desejamos, independentemente da idade ou época da vida na qual nos encontremos. A depressão é um transtorno de humor que pode comprometer de forma importante a qualidade de vida da mulher junto à família, convívio social e profissional.
Cada vez mais estudos mostram como é importante a reposição hormonal na menopausa.
Procure sempre médico que possa avaliar sua necessidade e possibilidade de TH!

Referência bibliográfica:
Gordon et al . Efficacy of Transdermal Estradiol and Micronized Progesterone in the Prevention of Depressive Symptoms in the Menopause Transition
A Randomized Clinical Trial. JAMAPsychiatry, jan , 10 2018. JAMAPsychiatry.com

Deficiência subclínica de magnésio – Uma causa de doença cardiovascular e um caso de saúde pública

O magnésio (Mg) é um importante oligoelemento na prevenção de doenças cardiovasculares.

Você sabia que a maioria dos casos de deficiência de Mg não é diagnosticada?

Isto decorre porque o nível sérico não reflete a concentração intracelular deste oligoelemento.
De acordo com Dicolantonio et al (2018), 99 % do Mg do corpo é intracelular e, por isso, sua deficiência não é diagnosticada como deveria.

Vale lembrar que doenças crônicas, medicamentos, diminuição da concentração de Mg nos alimentos, ingestão de alimentos processados, fazem com que a grande maioria de nós, representantes da sociedade moderna, corra risco de apresentar deficiência de Mg.

Infelizmente a deficiência subclínica de magnésio pode provocar doenças cardiovasculares, implicando em um custo incalculável em saúde para os países do mundo, além do importante sofrimento a seus cidadãos. Por isso, deve ser considerada um caso crítico de saúde pública.

Diante disso, algumas pessoas devem receber a suplementação de Mg para evitar a sua deficiência subclínica, atingir um nível adequado deste oligoelemento e evitar doenças crônicas.

Referência bibliográfica:
Dinicolantonio et al. Subclinical magnesium de ciency: a principal driver of cardiovascular disease and a public health crisis.
Open Access
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