DIU de Cobre e Prata – Você já conhece?

Você já ouviu falar no DIU de cobre e prata?

O DIU é uma das opções de anticoncepção reversível de longa duração, muito prático e de alta eficácia.
Quero chamar a atenção para o DIU de prata e cobre, ainda pouco conhecido no Brasil e também livre de hormônios!

👉 Já é encontrado em nosso país sob registro: 10202850037 do Ministério da Saúde.
👉 O DIU de cobre e prata é feito de plástico com forma semelhante a um “Y”. Este formato objetiva maior conforto na inserção e remoção do produto. Sua haste horizontal mede de 3-3,2 cm e a vertical de 3,1-3,5 cm, com um diâmetro de 1,5 cm.
É indicado para uma histerometria (comprimento interno da cavidade uterina) entre 6 e 9 cm. Na haste vertical, encontram-se o cobre e a prata.

Qual a função da prata?

Através de um fino núcleo de prata, não corrosível, pode vir a diminuir ou eliminar uma possível fragmentação do cobre (evento raro) e melhorar a EFICÁCIA deste método. O DIU de cobre e prata objetiva também diminuir o risco de aumentar cólicas ou fluxo da menstruação, que são efeitos colaterais apresentados por algumas pacientes que usam o DIU de cobre.

Nunca deixe de fazer antes uma avaliação médica e saber qual o tipo de DIU é o mais indicado para você.

Referências bibliográficas:
www.dkplanejamentofamiliar.com.br
Bator et al. Two-year clinical experience with Nova-T 380, a novel copper-silver IUD Adv Contracept. 1999;15(1):37–48

Chi IC. The TCu 380A (AG), ML Cu 375, and Nova-T IUDs and the IUD daily releasing 20 micrograms levonorgestrel – four pillars of IUD contraception for the nineties and beyond? Contraception.1993;47(4):325-47
Sivin et al. Long-term contraception with the levonorgestrel 20 mcg/day (LNg 20) and the copper T 380Ag intrauterine devices: a five-year randomized study. Contraception. 1990;42(4):361–78

Anticoncepção – Vulvovaginites recorrentes em  usuárias de pílula

A Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) é representante das associações de Ginecologia e Obstetrícia dos estados brasileiros e é referência científica e profissional em saúde da mulher. “Tem o propósito de Organizar e divulgar conhecimento em ginecologia e obstetrícia, para qualificar a atenção à saúde da mulher.” Além disso, promove a “educação e atualização através de informações confiáveis e diretrizes” …
A FEBRASGO esclarece em seu site que a vulvovaginite recorrente (VVR), como a candidíase vaginal, é conceituada como a ocorrência de quatro ou mais episódios de infecções genitais, devidamente diagnosticadas e tratadas, no período de um ano.
Segundo a FEBRASGO, são fatores, que alteram a microbiota (população de bactérias) da vagina predispondo à candidíase vaginal: diabetes mellitus, a corticoterapia, o uso de antibióticos e os contraceptivos orais.
De acordo com esta entidade científica, estudos mostraram aumento no risco de VVR, como a candidíase, em usuárias de contraceptivos orais combinados (COC) contendo doses de etinilestradiol acima de 35 mcg, independentemente do progestagênio associado.
Quando se fala em anticoncepcionais orais, “O estrogênio possui proteína de ligação (EBP – estrogen binding protein) em agentes fúngicos, particularmente na candida albicans, podendo ser responsável pelo ambiente favorável ao crescimento do fungo.”
Entretanto, parece que “não só o estrogênio, mas também o progestagênio isolado, pode ter influência negativa sobre a VVR.“

De acordo com a FEBRASGO: 👉 “Estudos mostram que, em mulheres com episódios comprovados de candidíase recorrente, a suspensão temporária do uso da pílula combinada promoveu menor número de recorrências, em comparação as mulheres que não suspenderam o contraceptivo. “
“A suspensãor temporária da pílula, mesmo com as menores doses estrogênicas, permite avaliar a sensibilidade individual a esse fator predisponente da VVR. “
“Caso na reintrodução do contraceptivo os episódios de candidíase retornem, a troca do método seria mais adequada. Caso contrário, poderia ser mantido o COC.”
Referência bibliográfica:
https://www.febrasgo.org.br/noticias/item/222-antico

Vitamina D – Pode diminuir o estresse oxidativo em mulheres com sop

Akbari et al (2018), em Estudo de revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados, fala a favor de que a suplementação com vitamina D pode combater o estresse oxidativo (resultante da ação excessiva dos radicais livres) e associado à piora da SOP com surgimento de complicações.
O uso de Vitamina D foi capaz de diminuir os níveis de biomarcadores de estresse oxidativo como proteína C reativa (PCR), ácido malondialdeido e aumento da capacidade antioxidante total.
A vitamina D é atualmente uma das suplementações mais estudadas em toda literatura médica em diversas áreas da Medicina.
Infelizmente, vez por outra, aparecem em redes sociais (como WhatsApp) verdadeiro desserviço ao avanço do emprego da vitamina D na prevenção e ajuda no tratamento de doenças. Por outro lado, nada melhor do que bons estudos (fatos contra os quais não há argumentos) para desfazer verdadeiras “opiniões” (que na verdade, não são evidências científicas), mesmo que essas sejam divulgadas em renomadas revistas médicas e propagadas por colegas com um bom currículo.
Recentemente Lee et al (2018) divulgaram um estudo com 16 anos de acompanhamento de 73.779 pacientes que receberam a administração de vitamina D nos Estados Unidos e chegaram à conclusão de que a toxicidade por vitamina D é um acontecimento extremamente raro e geralmente associado ao uso de dose não prescrita (por exemplo, erro na ingestão de dosagem acima da recomendada por tempo prolongado). A vitamina D deve ser prescrita por profissional de saúde habilitado e de acordo com a necessidade e possibilidade da paciente. Nunca se automedique!

Referências bibliográficas:
1. Akbari et al .The Efects of Vitamin D Supplementation on Biomarkers of In ammation and Oxidative Stress Among Women with Polycystic Ovary Syndrome: A Systematic Review and Meta-Analysis of Randomized Controlled Trials. Horm Metab Res 2018;

2. Lee et al. Vitamin DToxicity: A 16-Year Retrospective Study at an Academic Medical Center.
Laboratory Medicine 2018;00;1–7 DOI: 10.1093/labmed/lmx077

As mulheres estão usando menos contraceptivos hormonais?

Assim como devemos respeitar autonomia das mulheres que desejam usar pílulas anticoncepcionais, temos a obrigação de ajudar aquelas que optaram por não mais usar contraceptivos hormonais.

Quem atende, tanto em consultórios particulares quanto em públicos, sabe: atualmente, cada vez mais mulheres tentam livrar-se de efeitos colaterais associados com anticoncepcionais hormonais (como redução da libido, irritabilidade, transtornos depressivos, agravamento de varizes, aumento do peso, melasma, entre outros) e possíveis agravamentos de condições patológicas já existentes como doenças cardiovasculares e diabetes.

Elas já não se mostram mais confortáveis com possíveis complicações associadas com estes medicamentos como: trombose, câncer de mama, câncer de colo, tumores hepáticos, mesmo que muitos defendam que o risco seja pequeno.

Em outras palavras, mulheres procuram maior qualidade de vida. Até mesmo aquelas que usam os anticoncepcionais hormonais, não somente apenas para evitar gravidez , mas com o objetivo de tratar: TPM, endometriose, síndrome dos ovários policísticos (SOP), irregularidade menstrual e dismenorreia, querem outra opção de tratamento.

Exigem, cada vez mais, a adoção de meios de contracepção e tratamentos que não empreguem métodos hormonais. Não adianta querermos negar: parece ser uma nova (e crescente) tendência. Devemos nos adaptar e, desta forma, não apenas prevenir e tratar doenças e suas complicações, mas satisfazer também as necessidades e objetivos de vida destas mulheres.

Mecanismos de ação do DHEA em mulheres com pouca resposta ovariana

Reserva ovariana é a quantidade de folículos (origem dos óvulos) existentes no ovário em determinada idade. Mulheres com baixa reserva ovariana podem apresentar dificuldade para engravidar, inclusive responder mal até às técnicas de reprodução assistida (como inseminação ou fertilização in vitro – FIV).

Diversos estudos têm apontado que a suplementação de DHEA (dehidroepiandrosterona, hormônio produzido a partir das glândulas situadas acima dos rins e chamadas de adrenais ou suprarrenais) podem fazer com que mulheres com má resposta ovariana (dificuldade para engravidar) engravidem espontaneamente antes mesmo de uma FIV (Fusi e tal, 2013;Zhang et al, 2016)

A imagem do post mostra o provável mecanismo através do qual a suplementação com DHEA pode ajudar mulheres com baixa reserva ovariana a engravidar (Tsui et al ,2015).

A suplementação com DHEA em mulheres com reserva ovariana diminuída parece melhorar:

⚜A resposta ovariana
⚜ A reserva ovariana
⚜ A qualidade do ovócito (óvulo imaturo ou futuro óvulo) e do embrião.

O DHEA não pode ser vendido no Brasil, mas a lei não proíbe que a paciente adquira por importação mediante receita médica ou manipulado aqui mesmo e sempre sob orientação médica para consumo próprio.

Resistência insulínica nas diversas fases da vida

A resistência insulínica (RI) é o estado no qual quantidades de insulina maiores do que o normal são necessárias para provocar uma resposta quantitativamente normal (Berson &Yalow,1970).

Há fases do desenvolvimento e da vida humana onde a ocorrência da RI é fisiológica e transitória. Por exemplo:

Na puberdade, a RI associa-se: ao aumento dos hormônios esteroides sexuais e hormônio do crescimento (responsáveis pelos desenvolvimentos dos caracteres sexuais secundários como: crescimentos das mamas, alargamento da bacia, pelos pubianos e axilares, menstruação, acúmulo de gordura nas nádegas, quadris e coxas);

Na gestação, a RI é menor, ou seja, a sensibilidade à insulina é maior no primeiro trimestre, resultando em menores níveis de glicose nesta época. Nos 2º e 3º trimestres a RI aumenta, com o objetivo de fornecer nutrientes em quantidade suficiente para o feto se desenvolver;

No envelhecimento das mulheres adultas ocorre o aumento da RI devido à ocorrência da diminuição da atividade física, à presença da sarcopenia (perda patológica de músculo) e à REDUÇÃO DA FUNÇÃO MITOCONDRIAL (a usina de energia das células do corpo).

É importante dizer que, dependendo do tipo de alimentação (por exemplo, rica em alimentos industrializados e/ou com excesso de carboidratos), sedentarismo, estresse sem gerenciamento, não dormir de forma revigorante, usar drogas ilícitas, e lícitas como fumo e exageradamente álcool), podemos mudar nossa história para pior e justamente nestas fases fazer eclodir ou predispor a uma RI definitiva e suas consequências como SOP, obesidade, diabetes, hipertensão, abortamentos, etc.

Referência bibliográfica: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2017-2018

Tratamento da SOP sem anticoncepcionais?

Estudo avalia, durante 10 anos, o uso da metformina em uma população de mulheres com SOP

Quando perguntado sobre como substituir o uso de anticoncepcionais, respondo que uma boa opção é a metformina, que não evitará uma gravidez, mas chegará mais perto de um verdadeiro tratamento. Além disso a metformina ajudará a evitar complicações que os anticoncepcionais não conseguem prevenir, muito pelo contrário, podem predispor à resistência à insulina, principal fator de risco para o diabetes.

Por quanto tempo podemos manter o tratamento com a metformina?
O tempo necessário.
Para corroborar com tudo o que foi dito acima, estudo atual de Jensterle et al (2019) envolveu 159 mulheres com SOP e avaliou o uso de metformina durante 10 anos para o tratamento deste transtorno.

O que os autores notaram deste uso tão prologado de metformina entre as pacientes com SOP?

🔹 O uso da metformina foi usado em pacientes com glicemia normal, com sobrepeso ou obesidade e resultou em significante redução ou estabilização do índice de massa corporal, ou seja, as pacientes emagreceram ou mantiveram o peso;
🔹 Significante melhora da regularidade menstrual;
🔹 Melhora do perfil androgênico, com diminuição da androstinediona e testosterona total, hormônios, quando altos, associados à acne, hirsutismo (excesso de pelos), ausência de ovulação e anovulação/infertilidade.
🔹 Baixa taxa de conversão do pré-diabetes em diabetes, servindo para prevenção contra essa doença (uma das complicações da SOP).

Referência bibliográfica:
Jensterle et al. Long-term efficacy of metformin in obese PCOS: longitudinal follow up of retrospective cohort. Endocr Connect. 2019.

Cúrcuma longa, mais um antioxidante no tratamento da SOP

Estudo atual avaliou o uso da suplementação de curcumina no nível de glicose, perfil lipídico e níveis séricos de PCR (marcador sanguíneo de inflamação) em mulheres com síndrome dos ovários policísticos (SOP).

Curcuma longa tem como princípio ativo a curcumina, pigmento amarelo característico da raiz do açafrão-da-terra. Atualmente, o extrato seco especializado da Curcuma longa como, por exemplo, o medicamento motore, é usado como anti-reumático, combatendo dores articulares. Contém um conjunto de substâncias denominadas curcuminoides, incluindo a curcumina, que devido às suas propriedades biológicas e farmacológicas, incluindo características antioxidantes e anti-infamatórias pode ser muito útil em doenças inflamatórias.

A curcumina influencia um amplo espectro de doenças, com efeitos protetores contra o câncer, a memóriadeclínio, doenças de Parkinson, dislipidemia aterogênica, distúrbios inflamatórios e osteoartrite. Há também evidências de seus efeitos hipoglicêmicos e no colesterol, benéficos em diferentes doenças em humanos e em vários modelos experimentais. Sohaeia et al (2019) avaliaram o uso de 500 mg, 2 vezes ao dia, em mulheres com SOP durante 6 semanas, em um ensaio clinico duplo cego placebo controle.

Os autores identificaram no seu estudo que a curcumina conseguiu melhorar significativamente a sensibilidade à insulina, provavelmente devido ao tratamento do estado de inflamação crônica subclínica resultante do estresse oxidativo (excesso de radicais livres). Obs: nunca se automedique. Procure sempre um profissional especializado.
Referência bibliográfica: The Effects of Curcumin Supplementation on Glycemic Status, Lipid Profile and hs-CRP Levels in Overweight/Obese Women With Polycystic Ovary Syndrome: A Randomized, Double-Blind, Placebo-Controlled Clinical TrialSara Soha ei et al. Complement Ther Med. Dec 2019

Mulheres com SOP tem maior risco de trombose venosa profunda do que mulheres sem SOP?

Atualmente há evidências de que mulheres com SOP possuem risco aumentado para trombose venosa profunda (TVP) por alterações no sistema de coagulação.

Será que as evidências de risco aumentado de TVP em mulheres com SOP é realmente significante ?

Gariania et al (2019) , em sua revisão sistemática com metanálise, mostra que a mulher com SOP possui um risco 1,5 a 2 vezes maior de apresentar TVP, independente se usa contraceptivos orais combinados ou do excesso de peso.
Os autores defendem que a combinação de fatores de risco para TVP (contraceptivo orais combinados, Índice de massa corpórea – IMC e SOP) devem ser levados em consideração e discutido com mulheres que sofrem de SOP.
Os autores defendem que a associação da SOP com o risco de trombose venosa profunda poderia ser vista como um FATOR DE RISCO para trombose SEMELHANTE àquele encontrado entre às mulheres com SOBREPESO, IDADE > 35 ANOS e FUMANTES.

De acordo com os resultados do estudo, os autores recomendam evitar – como tratamento de primeira linha – contraceptivos orais combinados contendo drospirenona e acetato de ciproterona ( justamente os mais usados para diminuir a acne e excesso de pelos) e , caso optem por anticoncepcionais, usar os que possuam menos efeito trombogênico com baixa dosagem de estrogênio, levonorgestrel ou norgestimato.
De acordo com o estudo , a SOP (por si só) é considerado um fator de risco para a trombose venosa profunda e que pode piorar na presença de mulheres com sobrepeso, obesidade e resistência à insulina como em mulheres com SOP.

Na minha opinião, baseando-se no direito universal à informação a que todos nós temos, profissionais da saúde e portadoras de SOP, são fatos que devem ser transmitidos aos profissionais de saúde e ,principalmente, para as mulheres que, juntamente com seu/sua médico (a), possam decidir pelo tratamento que transmita maior segurança à ambos. Um exemplo é o tratamento não hormonal para a SOP.

Referência bibliográfica :
Gariania et al.Association between polycystic ovary syndrome and venous thromboembolism: A systematic review and meta-analysis. https://doi.org/10.1016/j.thromres.2019.11.019. https://www.elsevier.com/locate/thromre

Você sabia que a SOP pode se associar a várias doenças metabólicas, cardiovasculares e à doença autoimune da tireoide?

Quando o sistema imunológico ataca a tireoide, leva a uma inflamação desta glândula que provoca uma ruptura e resulta no excesso de hormônios da tireoide (hipertireoidismo). Ao longo do tempo, a inflamação impede a tireoide de produzir hormônios de maneira suficiente levando ao hipotireoidismo, como ocorre na tireoidite de Hashimoto.

A literatura mundial mostra que a doença autoimune da tireoide pode ocorrer em 18-40% das mulheres com SOP, dependendo do critério diagnóstico adotado e raça da mulher com SOP.

Um bom estudo de revisão sitemática envolvendo outros 12 estudos, divulgado agora em 2019, onde foram avaliadas 1210 mulheres diagnosticadas com SOP e 987 controles saudáveis, mostrou que a doença autoimune da tireoide foi observada significantemente em 26,03% da mulheres com SOP e apenas 9,72% das mulheres sem a síndrome.

O estudo ratifica o que diversos outras defendem: realmente a doença autoimune da tireoide é mais frequente em pacientes com SOP e pode afetar a função da tireoide.

Desta forma, o estudo, assim como outros, defende a importância de que todas as mulheres com SOP sejam avaliadas laboratorialmente tanto para a função quanto para a presença de auto-anticorpos contra a tireoide.

Referência bibliográfica: Association Between PCOS and Autoimmune Thyroid Disease: A Systematic Review and Meta-Analysis Mirian Romitti et al. Endocr Connect. 2018